O Futebol é das Crianças
A história da mais especial comunhão que o desporto viu nascer
No dia em que se celebram as crianças deste país, importa refletir não só sobre a simplicidade e genuinidade que trazem ao futebol, como também sobre o papel que este desporto tem nas suas formações enquanto indivíduos. Afinal de contas, são demais os que, desde bem cedo, encontram na bola, no balneário ou no relvado, um amor que nasce novo e é difícil de explicar, porém tão fácil de se sentir.
O futebol é tido por muitos como língua universal, na medida em que acolhe pessoas de todo o mundo, vindas de realidades completamente distintas e com perspetivas de vida que em nada se relacionam. Nasce num remendo de papel envolto em fita-cola a fazer de bola, dois paus de árvore que simulam as balizas dos grandes estádios e um grito que já se vai tornando recorrente: “Vem para dentro, o jantar está na mesa!”.
O sonho de vir um dia a pisar os grandes palcos nasce nas ruas da cidade ou do campo, por mais estreitas que sejam. Nasce nos parques de estacionamento ou nos edifícios abandonados, nas zonas de guerra ou nos campos de refugiados. Nasce no canto de cada rua por esse mundo fora, mostrando-lhe uma das mais belas comunhões de que há memória: onde há crianças, há futebol.
As crianças presenteiam o futebol com a sua descomplicação e alegria e, em troca, o desporto oferece-lhes muito mais do que um jogo: ali, estabelece-se o primeiro grande contacto com outras pessoas e os bonitos laços que, muitas vezes, duram uma vida.
Interioriza-se a importância do trabalho em equipa, da superação, da resiliência e do quão belo é ultrapassar os momentos menos bons. Colocam-se as primeiras tomadas de decisão, promove-se a disciplina e decifra-se que mais importante do que saber perder, é saber ganhar. O futebol permite que as crianças se tornem mais saudáveis, seja pelos benefícios físicos que aufere, seja pelo refúgio que representa. Para várias, é sentir que por muito em baixo que possam estar, haverá sempre um sítio onde sentirão que nada mais interessa.
Neste dia especial, é importante também recordar que nem todas as crianças terão um dia de jogar nas mais importantes ligas do mundo para se sentirem realizadas, ainda que muitos pais projetem nelas aquilo que gostariam um dia de ter sido. Nem todos os árbitros terão as prestações exímias que muitos dos que acompanham os mais novos esperavam que tivessem, enquanto os insultam e mostram às suas crianças um exemplo do que o desporto nunca deve ser. Nem todos os treinadores pensarão da mesma forma que os pais dos seus jogadores e, também para eles, deve abrir-se espaço ao erro e à aprendizagem. Por um desporto melhor, por um mundo melhor.
“Desde que me lembro de ser pessoa que me vejo com uma bola nos pés. Muitas vezes, a única amiga que nunca me deixava só ou desiludia. Era só eu e ela, um amor difícil de explicar e fácil de sentir.” – Bruno Fernandes
Para todas as meninas e meninos por esse mundo fora, porque sempre que sonham, o futebol pula e avança. Como uma bola colorida, entre os pés de uma criança.
Feliz Dia da Criança!
José Maria Pinto
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