Portugal no Euro: Quão estreito é caminho do otimismo?
Se, à data, somos uma das seleções favoritas para trazer o troféu para casa, por outro, existem quase tantas dúvidas como certezas. Desfrutem do café de hoje.
Num grupo de 6 equipas, a qualificação de Portugal, ficou praticamente assegurada no sorteio. Islândia, Liechtenstein, Eslováquia, Bósnia e Luxemburgo juntaram-se a Portugal numa novela com guião fácil de adivinhar: Portugal, com todas as suas individualidades, asseguraria – como assegurou – o topo com facilidade. 10 jogos depois, 30 pontos, 36 golos marcados e apenas 2 sofridos. Hoje, segue-se o confronto com a poderosíssima Eslovénia, depois da vitória sobre a Suécia. Até ao Euro ainda faltam jogos contra Irlanda, Croácia e Finlândia.
Aquilo que, imediatamente, salta à vista é o facto de irmos para uma fase final sem defrontar qualquer equipa de topo. Não havendo a possibilidade de jogar com uma seleção de maior dificuldade na qualificação, como esperado, poderíamos procurar desafios mais ousados em amigáveis para perceber o nível que esta seleção tem ou não.
Nas fases finais o nome de Portugal nunca está na ponta da língua na sugestão dos favoritos para o torneio. No entanto, quando na nossa posição mais frágil temos de decidir entre Ronaldo e Gonçalo Ramos, dá para perceber o calibre existente. Rafael Leão, Bruno Fernandes, Cancelo, Nuno Mendes, Ruben Dias, Bernardo Silva…enfim, a lista não se fica por aqui. A verdade é que, na minha opinião, pelas individualidades, estamos entre as 2 melhores seleções da competição – a par da França e um pouco à frente da Inglaterra. O preocupante também é isso – as nossas ambições há largos anos que não estão tão altas. As esperanças há muito que não nos levavam para os caminhos do título. E, inversamente, o nosso autoconhecimento nunca esteve tão baixo. Como será que esta seleção lidará contra uma Alemanha ou uma Espanha? Uma França ou uma Inglaterra? Depois de 3 fases finais dececionantes, o que é que será diferente desta vez? Do último mundial para este não se mudou assim tanto. O que me faz colocar a questão: quão estreito é o caminho do otimismo que temos para este Euro? Quando fundo é o mar, aqui? Vamos ter pé ou vai aparecer um Marrocos, uma Bélgica ou um Uruguai para nos desiludir? Numa competição tão efémera e rápida de se evaporar, quão frágil poderá ser a nossa talentosa seleção?
Dificilmente se saberá antes da própria competição. Apenas o jogo com a Croácia poderá dar para tirar algumas ilações. De resto, só no Euro se perceberá se o nosso talento individual está correlacionado com o coletivo. Até lá, bebam cafés e leiam jornais.
O “É um café e um jornal” é uma crónica semanal 78. As crónicas “café” são mais curtas, rápidas, possivelmente, mas não necessariamente, sobre algo mais atual. As crónicas “jornal” exploram mais a fundo um qualquer tema. Nem sempre será café, nem sempre será jornal. O objetivo é pedir, pelo menos, um jornal por mês, e nas restantes semanas, servir cafés. Boa leitura.