Só Mais Uma (Final)
Uma semana depois, Benfica e Sporting voltam a disputar um troféu.
O Estádio Nacional recebe este domingo mais do que uma final. A decisão da Taça de Portugal entre Sporting e Benfica marca o ponto final de uma temporada longa, marcada por fases distintas para ambos os clubes, e onde este último jogo poderá ter peso simbólico na forma como o ano será lembrado pelos adeptos.
Dois percursos distintos, mas não opostos
O Sporting chega ao Jamor com o campeonato nacional no bolso e a possibilidade de fechar a época com a desejada dobradinha. Mas nem tudo foi linear. A saída de Ruben Amorim a meio da temporada abriu espaço a Rui Borges, que (após João Pereira) herdou uma equipa sólida, mas que viveu momentos de instabilidade. Ainda assim, a capacidade do grupo em manter-se focado e responder com vitórias — algumas mais pragmáticas do que brilhantes — permitiu assegurar o título com justiça.
A nível individual, Gyökeres foi claramente a figura da época, não apenas pelos golos, mas pelo impacto constante no jogo ofensivo da equipa. Mas o Sporting também contou com consistência de jogadores como Hjulmand, Trincão ou Inácio, tendo superado a fase difícil pós saída de Ruben Amorim.


O Benfica, por sua vez, chega a esta final com um sentimento diferente. A temporada começou com ambição e altos investimentos, mas o rendimento nunca acompanhou totalmente as expectativas. O começo tremido, a irregularidade exibicional, o fim de Schmidt e o regresso de Lage e uma reta final com desaires incomportáveis (Arouca e Sporting em casa), deixaram a equipa com apenas uma taça da liga, este ano.
A Taça representa, por isso, uma oportunidade importante para fechar o ano com uma conquista. Roger Schmidt saiu, e a transição trouxe instabilidade. Di María, um dos grandes nomes da temporada, teve uma fase final marcada por problemas físicos e desempenho irregular. O Benfica entra em campo à procura de estabilidade e de um sinal claro de resposta, não apenas para os adeptos, mas também para dentro. A continuidade de Rui Costa não é alheia ao sucesso no domingo.
Clássicos de equilíbrio
Os confrontos entre Sporting e Benfica esta época foram pautados por equilíbrio. No campeonato, um empate na Luz e uma vitória tangencial do Sporting em Alvalade. Na Taça da Liga, foi o Benfica a sorrir, vencendo nos penáltis após novo empate. Nenhuma das equipas conseguiu impor-se de forma clara ao longo do ano, e é difícil prever que esta final fuja a esse padrão.
Espera-se um jogo tenso, com margem reduzida para erro, onde os momentos individuais e a capacidade de gerir o ritmo poderão fazer a diferença.
Na Luz, o Sporting escondeu-se depois da vantagem e viu, ao fim de 60 minutos, o Benfica existir. Desta vez, a vitória é mesmo necessária, por isso, nem o Sporting pode adormecer no jogo, com um Viktor falível, nem o Benfica pode entrar em campo uma hora atrasado.
Uma das questões para domingo vem da Suécia. Viktor pode fazer o seu último jogo pelo Sporting. No dérbi na Luz, apesar da assistência esteve bastante apagado e controlado, perdendo muitos duelos e mostrando pouca agressividade no ataque à bola. Com um Gyokeres em dia sim, o Sporting pode partir como favorito para a dobradinha. Caso a defesa do Benfica volte a fazer o trabalho de casa todo, o Benfica torna-se favorito, depois de eliminar a maior ameaça do rival.
Este jogo é simbólico por diversos motivos. Um deles, devido ao último encontro no Jamor entre Benfica e Sporting, com uma vítima. Mais do que um bom jogo, esperemos que se trate de um jogo seguro, sem incidentes de segurança de maior ordem.
Pedro Brites
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