Uma questão entre postes
De um lado um herói, do outro um dos mais questionáveis do 11 inicial. Amanhã, mais que nunca, os guarda-redes vão ser um elemento diferenciador.
Bem-vindos a mais uma semana e, por isso, a mais um É um café e o jornal. Esta semana, há café para quem ler. Hoje, falaremos sobre amanhã, logo, sobre o segundo confronto da época entre Benfica e Sporting.
Amanhã, as duas melhoras equipas do campeonato juntam-se em Alvalade para a primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. Não farei uma análise sobre as equipas nem sobre os momentos de cada uma – pelo menos, não o farei de forma extensiva. Interessa-me falar de outro tema: os guarda redes.
A muralha ucraniana
A contratação da época, para o Benfica, foi a do guarda-redes. Trubin é um jogador de excelência que – espero eu – não há de ficar muito tempo na equipa de Lisboa. Com calma a construir, sem medo de pausar o jogo e esperar pelo aproximar dos adversários, Trubin trouxe uma nova firmeza ao clube da Luz depois da saída de Odysseas. Em cima da linha de golo, é magnífico. Podemos afirmar que já salvou o Benfica por mais que uma vez e com certeza é decisivo. No jogo em Guimarães, na Champions league, mais recentemente, no jogo contra o Toulouse, Trubin tem sido altamente preponderante e mudou o paradigma de medo e desconfiança que se vivia no Benfica para com a posição ocupada, anteriormente, por Odysseas, um guarda-redes que entre os postes tinha qualidade, mas com bola nos pés ou a sair da baliza, tinha lacunas que um GR de clube candidato ao título, não pode ter. Trubin mudou isso e, neste momento, está algures entre os 3 melhores jogadores da época dos encarnados.
O leão que não ruge
No Sporting, a situação não podia diferir mais. Adán é o elo mais fraco em Alvalade e chega a ser difícil de perceber a insistência de Amorim e da direção leonina na aposta no espanhol para colmatar a posição de guarda-redes. Adán já comprometeu o Sporting em diversas competições. No ano passado, foi fundamental para a queda dos verde e brancos para a Liga Europa, com dois desempenhos vergonhosos frente ao Marselha. Só este ano, falhou frente ao Vitória, Gil Vicente, Atalanta, Estrela da Amadora e agora, Rio Ave. Neste último jogo, Adan não fez uma única defesa e, segundo o GoalPoint (vale o que vale, mas é um bom indicador) teve o pior desempenho de qualquer jogador esta época. É um jogador que compromete em demasiados momentos. Que cede a derrota em vez de segurar pontos e vitórias. Na escolha de um guarda-redes ainda para mais, de um grande, a solução não pode passar por um jogador que, constantemente, põe em causa o restante bom desempenho da equipa. Porque, este ano, o Sporting é a melhor equipa do campeonato, embora Adán teime em fazer com que não pareça.
Pesadelo estatístico
Desde a época 20/21, nenhuma equipa do top-3 acabou com mais de 30 golos sofridos. Este ano, embora seja o melhor ataque, o Sporting, a 12 jornadas do fim, já sofreu 22 golos, 15 deles fora de casa. No ano passado, Porto e Benfica terminaram com 22 e 20 golos sofridos, respetivamente, ao fim de 34 jogos. Desde 06/07, apenas por uma vez o campeão sofreu mais de 22 golos durante todo o campeonato. Curioso ou não, este facto mostra o quão importante tem sido manter uma defesa a zeros para chegar ao título e, neste momento, o Sporting não consegue estar seguro neste quesito, essencialmente devido a um elemento da sua equipa – o resto da defesa dos leões, com Diomande, Coates, Inácio e Quaresma mostra qualidade e capacidade para levar a equipa a bom porto. Atenção, todos os golos sofridos não são apenas e só culpa do espanhol – o que tem acontecido é que este falha mais e em momentos mais decisivos, raramente compensado os seus momentos menos bons.
Terminamos assim o café da semana. O jogo da Taça será muito quente e vai servir para medir alguns indicadores interessantes para o decorrer da época. Estamos a falar não só da eliminatória para a Taça, mas sim também a nível de confiança e de dinâmica vencedora – o Benfica, perdendo amanhã e não tendo um resultado positivo no Dragão, corre risco de voltar ao seu pior momento da época, com incertezas e desconfiança no modelo de Schmidt. O Sporting, perdendo para a Taça, somaria o seu terceiro desaire seguido (incluindo todas as competições) que, somado ao jogo em atraso, pode trazer uma bagagem pesada para os leões carregarem – ainda para mais, dos próximos 4 jogos, 2 são contra a Atalanta e 1 é uma visita ao terreno do Arouca. Este jogo é mais que uma meia-final e, neste momento, os homens entre os postes de cada equipa não poderiam ser mais diferentes. Acredito que, para o bem ou para o mal, serão decisivos neste duelo. Obrigado e até para a semana.
O “É um café e um jornal” é uma crónica semanal 78. As crónicas “café” são mais curtas, rápidas, possivelmente, mas não necessariamente, sobre algo mais atual. As crónicas “jornal” exploram mais a fundo um qualquer tema. Nem sempre será café, nem sempre será jornal. O objetivo é pedir, pelo menos, um jornal por mês, e nas restantes semanas, servir cafés. Boa leitura.