A Europa é Azul: A Segunda Mão das Meias-Finais da UEFA Champions League
Guarda-redes decisivos e eliminatória com 13 golos: os destaques da segunda mão das 'meias' da Liga dos Campeões da Europa.
Tal como o novo formato da UEFA Champions League, aqui também vamos à aventura. Na Casa dos Milhões, queremos trazer-vos o melhor e o pior da edição 24/25 desta liga milionária.
FC Barcelona X Inter de Milão
Na noite de Terça, San Siro foi palco de um dos jogos mais memoráveis da história recente da Liga dos Campeões. Foi a Inter quem avançou para a final, mas durante longos minutos, o futebol foi o verdadeiro vencedor.
O início foi dominado pelos italianos. Com uma pressão agressiva e organizada, a Inter forçou erros e impôs um ritmo alto para destabilizar a saída a jogar do Barcelona. Logo no início, Dani Olmo foi surpreendido por Di Marco numa zona proibida. O lateral recuperou a bola, lançou Dumfries e este serviu Lautaro Martínez para o primeiro golo. Pouco depois, uma perda de bola no meio-campo levou a um penálti convertido por Hakan Çalhanoğlu. Estava feito o 2-0 e o Barcelona parecia completamente encostado.
A segunda parte teve um ritmo diferente. O Barcelona reagiu, com muita “Yamaldependência”, tentando acelerar o jogo e criar confusão no meio-campo italiano. E o resultado mudou. Primeiro, Eric García marcou um grande golo depois de aproveitar um bom cruzamento de Gerard Martín, e depois Dani Olmo, servido novamente pelo lateral-esquerdo, pôs tudo em igualdade. No final do jogo, já Sommer juntava defesas de gala à sua grande exibição, quando o Barcelona virou o resultado, com Raphinha a fazer o 3-2 numa recarga após um bom remate cruzado.
No entanto, nos descontos, a Inter voltou a empatar. Inzaghi arriscou, lançou Acerbi para o ataque e foi o próprio central a marcar o 3-3 — num lance que exemplifica bem a época defensiva do Barcelona — levando o jogo para prolongamento.
O tempo extra começou com uma Inter mais pragmática e o Barcelona a tentar forçar. Mas seria Frattesi, que tinha entrado há 20 minutos, a fazer a diferença. Após mais uma perda de bola na construção do Barça, o italiano apareceu a finalizar com frieza após serviço do ex-Porto, Taremi, e fez o 4-3. Mais um lance em que a defesa do Barcelona se mostrou imatura e adormecida, permitindo a reviravolta no marcador e na eliminatória. Até ao fim, o Barcelona empurrou, com Lamine Yamal a tentar tudo. O jovem de 17 anos foi o grande agitador do ataque catalão — rematou ao poste, tentou fintas, pediu jogo e enfrentou adversários sem medo. Mas encontrou pela frente um guarda-redes em noite inspirada: Yann Sommer.
O suíço fez várias defesas decisivas e segurou o resultado numa exibição que, apesar dos golos sofridos, foi determinante para o apuramento da Inter. No total, foram 13 golos entre as duas mãos, fazendo desta, uma das melhores meias-finais de sempre.
O Barcelona sai de cabeça erguida, com uma geração jovem que promete futuro. Mas ontem, quem seguiu em frente foi a Inter — experiente, resiliente e eficaz — que, aliás, mantém no plantel um número considerável de jogadores que foi à final de há 2 anos.
Nós, espetadores, também ganhamos, por termos tido a possibilidade de ver dois jogos tão frenéticos.
Arsenal X Paris SG
O estádio em ebulição, as vozes roucas do cântico e a pirotecnia no alto da mão. Assim foram recebidos os ingleses do Arsenal no Parque dos Príncipes, na batalha que podia coroar a equipa da casa como o segundo finalista da Champions League, logo após a saída do maior ídolo da companhia, que havia sucumbido para os pupilos de Arteta, nos quartos-de-final.
A contenda começou com uma eletricidade inglesa a tomar conta do jogo, através do sempre desconcertante Bukayo Saka. Nuno Mendes foi tendo dificuldades, viu o amarelo cedo, e não fosse o “agigantar” de Gigi Donnarumma, a fazer lembrar outro Gigi que havia passado pelos parisienses sete anos antes, o Arsenal tinha gelado Paris e relançado a eliminatória.
Quem não estava para aí virado eram Kvicha Kvaratskhelia e Fabián Ruiz. Num momento da partida onde a bola indicava o caminho da equipa da casa, o georgiano foi contra as leis do jogo até ao momento, e deixou o poste da baliza de Raya a tremer. Quem não perdoou foi Fabián Ruiz, que deixou o seu conterrâneo limitado à procura da bola dentro da baliza, com um golaço de bradar aos céus. E até ao final da primeira metade, nunca mais os “gunners” se reencontraram futebolisticamente. Martin Ødegaard foi uma sombra de si mesmo. Gabriel Martinelli não se conseguiu impor perante Achraf Hamiki, deixando Saka e Declan Rice como os principais responsáveis por alguma tentativa de reatar a eliminatória.
A vinda das cabines não correspondeu ao calor sentido das bancadas, e o jogo tornou-se morno. Foi na monotonia do jogo que surgiu novamente Donnarumma e Saka, a protagonizarem um dos momentos altos da noite, com uma defesa assombrosa do italiano. Em seguida deu-se aquele que poderia ser o fecho do jogo. Penalty do Arsenal, e Vitinha preparava-se para confirmar o PSG na final de Munique, mas… falhou.
No entanto, nem com o penalty o Arsenal ganhou força na alma e conseguiu reagir. O PSG continuou por cima e, novamente após erro inglês, Hakimi confirmou não só o prémio de melhor jogador em campo, mas como a machadada final no Arsenal.
Saka conseguiu fazer o gosto ao pé, mas o 3-1 na eliminatória mandou para casa os rapazes de Arteta, que fecham o ano sem vencer títulos, novamente. PSG na final, e os franceses prometem “invadir” Munique.
Os melhores momentos da edição 2024/2025 da UEFA Champions League são para acompanhar no Substack do 78. Fica atento!
João Pinto e Pedro Brites
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