Alguém que leve o título!
Com a chegada do Natal, damos uma vista de olhos a algumas das surpresas nas principais ligas europeias, e antevemos quem levará o título.
Chegando à viragem do ano, chegou a altura de fazer um balanço sobre algumas das principais ligas europeias, e discutir uma ideia que tem começado a ficar estabelecida na cabeça de muitos fãs do desporto rei, a regressão na qualidade das equipas. Como todos sabemos, em Portugal vive-se uma situação anímica desde a saída de Rúben Amorim, com os três habituais candidatos ao título a “escorregarem” com mais facilidade que o habitual. Mas não é só em Portugal que tal acontece, e hoje vamos explorar alguns exemplos onde o mesmo se repete, e tentar compreender o motivo para tal. Estarão as restantes equipas a balancear a qualidade dos crónicos candidatos, ou esta é simplesmente uma geração mais desprovida de qualidade dentro de campo?
INGLATERRA
O primeiro grande exemplo é a Premier League. Chegado a Inglaterra para substituir um tal de Jurgen Klopp, a primeira época de Arne Slot estava como prevista para ser a época de adaptação do treinador neerlandês ao maior campeonato do mundo, com um plantel rotinado às ideias de Klopp, não tivesse o alemão sido a figura máxima do clube durante nove temporadas. A manutenção em lugares de Champions League era obrigatória, com uma ideia de que um pódio na Premier tornaria a época dentro das expectativas. Mas não, com 15 jogos disputados, o Liverpool só perdeu por uma vez e ocupa o primeiro lugar da competição.
Então e os outros? Bem, o Manchester City, dono e senhor da Premier League nos últimos quatro anos já conta com perdas de pontos em oito dos 16 jogos que realizou, estando a nove pontos dos ‘reds’, com Pep Guardiola cada vez mais contestado. O Arsenal, que competiu “taco a taco” com a hegemonia ‘cityzen’ nos últimos anos, ocupa o terceiro lugar, numa época marcada pela irregularidade e alta dependência de bolas paradas para chegar ao golo.
E quem são os “oportunistas”? Pois bem, o gigante adormecido de nome Chelsea, que ocupa a segunda posição apenas a dois pontos da liderança, sob a batuta de Enzo Maresca, ex-pupilo de Pep Guardiola, o Nottingham Forest, que ocupa um espantoso quarto lugar, com Nuno Espírito Santo no comando, e clubes como o Bournemouth e Fulham, todos no top 8 desta Premier League.
Sem grande surpresa, prevemos que seja o Liverpool a conquistar a Premier League.
ESPANHA
Quem olhar apenas para a tabela da La Liga, não dará conta de uma grande diferença naquela que costuma ser a luta pelo título, com Barcelona, Real Madrid e Atlético Madrid. No entanto, à semelhança de Portugal, a qualidade demonstrada pelos “três grandes” tem deixado a desejar, com pontos perdidos de toda a maneira e feitio, naquela que parece ser uma época onde ninguém é um claro candidato ao título.
O Barcelona começou a época de forma imparável, com 11 vitórias nos primeiros 12 jogos, liderando com vantagem de seis pontos para o segundo classificado. No entanto, nos últimos seis jogos para a competição, apenas venceu por uma vez, e corre o risco de cair para terceiro lugar, atrás dos rivais.
Em Madrid, a situação do Real é semelhante à do Arsenal. Com pontos perdidos em seis dos 17 jogos já realizados, o Real Madrid só venceu um dos últimos três jogos, e falhou o assalto ao primeiro lugar do Barcelona. A instabilidade, também gerada pela chegada de Mbappé e ainda adaptação do ponta de lança francês à capital, leva a uma das épocas mais irregulares dos ‘blancos’ (basta ver a campanha na Champions League). Já na “casa ao lado”, quem sorri é Diego Simeone. O Atlético pode assumir a liderança do campeonato caso vença o jogo em atraso, e já não sabe o que é perder pontos desde 27 de outubro.
Numa época onde equipas como a Real Sociedad, Sevilla e Betis estão fora dos lugares europeus, são equipas como o Athletic Club, Mallorca e Osasuna que aproveitam sonham com a entrada nas competições europeias na próxima temporada, ocupando o quarto, quinto e sétimo lugar da tabela, respetivamente.
Apesar do atual momento turbulento, e com base ainda na campanha europeia feita até ao momento, acreditamos que Hansi Flick levará o Barcelona à conquista da La Liga.
ITÁLIA
Em Itália, o cenário não é tão tenebroso para os habituais vencedores, mas a corrida está acesa, e promete até ao fim do campeonato. São neste momento quatro as equipas que se encontram a menos de uma vitória do primeiro lugar, com o ponto a peso de ouro nas terras transalpinas.
A Atalanta de Gasperini lidera a Serie A, com 37 pontos, encabeçados pela fúria de Ademola Lookman, e o futebol romântico do técnico italiano. Não sendo uma declarada surpresa, não deixamos de salientar o facto que este pode ser o ano da equipa de Bérgamo, algo que nunca aconteceu na história do clube. Mas a seu lado corre o Inter de Milão, atual campeão italiano, e com um futebol que encanta qualquer pessoa. Com um jogo em atraso, podendo alcançar a liderança, o Inter é das poucas equipas mencionadas neste texto que se encontra dentro do esperado, tendo, no entanto, já quatro empates e uma derrota em 15 jogos realizados.
As surpresas passam pelo (ainda) segundo classificado Napoli, comandado pelo já vencedor da Serie A por quatro vezes, Antonio Conte. Com Lukaku como substituto de Oshimen, a chegada de Scott McTominay e a manutenção da estrela da equipa, Kvicha Kvaratskhelia, os napolitanos procuram repetir a façanha de 2023/24, e os ingredientes não faltam. Apesar de já contarem com três derrotas e dois empates, estes pontos foram perdidos (na maioria) com adversários diretos (Juventus, Inter, Atalanta e Lazio), com exceção feita para a derrota frente ao Hellas Verona.
A surpresa da temporada vai para a Fiorentina, que se encontra em quarto lugar do campeonato, com um jogo em atraso, e com a possibilidade de se colocar a três pontos da Atalanta. Após um início de temporada tremido (uma vitória nos primeiros seis jogos), os ‘viola’ tiveram sem perder quase três meses, e estão na luta não só pelos títulos, mas também pelo regresso à Champions League 14 anos depois.
Posto isto, os crónicos candidatos habituais, como Juventus e AC Milan ainda procuram encontrar-se, com os ‘rossoneri’ a ocuparem uma miserável oitava posição no campeonato. Olhando ainda mais para baixo, encontramos a Roma, no 13º posto da tabela.
Antevemos que apesar das excelentes épocas de Atalanta e Napoli até ao momento, o ‘Scudetto’ volte a ser conquistado pelo Inter.
Após uma breve observação destas três ligas, e excluíndo a Ligue 1 (dominada pelo PSG) e a Bundesliga (onde, com a exceção do Borussia Dortmund, tudo se encontra como expectável), esta é a nossa observação dos cinco principais campeonatos europeus. Não sabemos exatamente o motivo pelo qual equipas como Manchester City, Barcelona, Real Madrid, AC Milan ou até Arsenal têm tido os resultados obtidos, mas cada vez mais atribuímos a responsabilidade (tanto para o bem, como para o mal) aos treinadores. É difícil olhar para equipas como a Atalanta, Napoli, Athletic Club, Liverpool, Nottingham Forest e até Fiorentina, e desassociar o trabalho feito pelos técnicos do clube. Talvez, acima da qualidade demonstrada por cada jogador de forma individual, a palavra chave vem novamente à tona: projeto. E para a palavra projeto, podemos usar como sinónimo Liverpool e Atalanta, com os resultados à vista.
João Pinto
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