Quem são os Medalhistas do Futebol Masculino?
O Adiós da Argentina, o Sonho Africano e a Super Espanha: Tudo sobre os 'Quartos', 'Meias' e a Final do Torneio Olímpico de Futebol Masculino.
Começou o último fim de semana de Jogos Olímpicos! As competições já se encontram na disputa pelas medalhas e muitas outras já terminaram — mais de 800 medalhas foram já entregues. No Futebol, o cenário é o mesmo: enquanto o Torneio Feminino termina hoje (10/8), o Masculino teve a sua final disputada ontem (9/8).
Assim, hoje farei as coisas um pouco diferentes — antes do nosso querido pódio, vamos lá ver os resultados e o que de mais interessante aconteceu desde os ‘Quartos’ até a Grande Final, fase a fase:
QUARTOS DE FINAL
Nos ‘Quartos’, cada confronto tinha a sua própria história de relevância, nenhum era propriamente “sem piada”.
O jogo entre França e Argentina, por exemplo, além de voltar a pôr frente a frente as das grandes “rivais” do Futebol Mundial recente (Mundial 2018, Final de 2022 e agora J.O.), envolvia também toda a polémica do cântico racista entoado pelos jogadores argentinos na celebração do título da Copa América. Agora, a enfrentar os franceses na própria França, os argentinos encontraram um ambiente bastante hostil e um jogo muito tenso: quase 30 faltas, 10 cartões amarelos e uma expulsão direta. No fim, a equipa da casa pôde, pelo menos no relvado, “vingar-se” da atitude inaceitável dos argentinos — visto que ainda não se oficializou qualquer punição.
Espanha - Japão, por sua vez, contrapôs duas das melhores equipas da fase de grupos, então foi um pouco chocante ver o baile que os espanhóis deram num Japão que, até então, não tinha sequer concedido um golo na competição. “Perdemos” o Japão, mas “ganhamos” Marrocos: um belíssimo 4-0 sobre os E.U.A, a mostrar que tinham ambições para mais.
Por fim, o Egipto - Paraguai até podia ser o jogo menos “mediático”, mas era justamente uma das maiores incógnitas. Duas equipas competentes, competitivas e ambiciosas (Paraguai em busca de sua segunda medalha e o Egipto em busca da primeira), que fizeram um jogo bastante interessante. Nos penáltis, os Egípcios avançaram e mantiveram a invencibilidade.
MEIAS-FINAIS
Com os resultados dos quartos, vimos que Egipto e Marrocos estavam nas meias, o que significaria não só que poderíamos ter uma final inédita entre as duas seleções africanas, como pelo menos uma delas conseguiria a primeira medalha de sua história.
Os Franceses precisaram ir a prolongamento vencer os egípcios que, com um atleta a menos (Fayed foi expulso), viram a equipa da casa marcar dois golos a partir dos 100 minutos e garantir a vaga na final.
Os Espanhóis sofreram ainda mais, estando a perder 1-0 até aos 66’. Contudo, o empate veio e, ainda antes do apito final, a remontada, garantindo a final para os nossos “vecinos”.
FINAL E DISPUTA DO BRONZE
A valer medalha, a situação é diferente. E foi exatamente isto que vimos no Torneio Masculino, com dois jogos de loucos! Marrocos e Egipto disputaram não só o bronze, mas também quem a sua primeira medalha de sempre. Nesse contexto, os marroquinos decidiram não dar sorte ao azar e simplesmente obliteraram os egípcios com a maior goleada de todo o torneio. Após o Gana (Bronze em 1992), Camarões (Ouro em 2000) e a Nigéria (Ouro em 1996, Prata em 2008 e Bronze em 2016) Marrocos foi, então, a quarta seleção de África a conquistar uma medalha olímpica. Será que um dia teremos duas Seleções Africanas no pódio? Em Paris, Espanha e França impediram o que chamei “Sonho Africano”.
Assim, a Final reuniu duas das três grandes favoritas ao Ouro (a contar com a Argentina, que acabou por não corresponder), sem muitas surpresas. Sendo a equipa da casa, pode-se pensar que é lógico que os franceses tenham alcançado a Final, mas a verdade é que, em 21 edições, foi apenas a sétima ocasião em que os mandantes ficaram no top-2 — conquistar o Ouro em casa, então, apenas Grã-Bretanha (Londres 1908), Bélgica (Antuérpia 1920), Espanha (Barcelona 1992) e Brasil (Rio 2016) o tinham conseguido. Além disso, a Espanha vive um período de Ouro, tendo sido campeã da Nations League em 2022/23 e do Euro 2024 — e podemos ainda contar com dois títulos Europeus Sub-19 (2024). Nos últimos dois anos, então, os espanhóis estão a dominar a Europa.
E o que vimos em Paris foi a continuação deste domínio: agora a Espanha é campeã sub-19, Campeã Europeia e Campeã Olímpica! Num jogo de loucos, que contou com a França a fazer 1-0, a levar a remontada em 15 minutos e a Espanha abrir 3-1, mas ver os franceses buscarem o empate na segunda parte com um penálti aos 93’ e levar o jogo a prolongamento, tudo isto para que o substituto Sergio Camello (que entrou aos 83’) marque dois golos já depois dos 100’ e dê a vitória por 5-3 a Espanha… Este jogo teve de tudo!
E foi assim que terminou o Torneio Olímpico de Futebol Masculino em Paris, com a Espanha a frustar a França, que fica com a medalha de Prata em casa, e Marrocos e Egipto a serem as duas grandes surpresas dos Jogos, com os marroquinos a conquistarem a sua medalha inédita!
Agora, vamos ao nosso último pódio:
PÓDIO: FASE A ELIMINAR DO FUTEBOL MASCULINO
🥉A Medalha de Bronze vai para…🥉
… a França 🇫🇷 !
A França não é um caso delicado, pois poderiam estar em outra posição neste pódio ao mesmo tempo em que poderiam nem estar aqui. A jogar em casa, fizeram uma excelente fase de grupos e ainda eliminaram os argentinos após toda a polémica, o que lhe poderia conferir uma medalha de Ouro como melhor momento destes Jogos Olímpicos.
Ainda assim, se ter deixado remontar quando ganhava a Final por 1-0, e depois, quando voltou a empatar, ter sofrido mais dois golos no prolongamento, acabou por ser uma certa desilusão: a ter a equipa que tinha, de longe a melhor da prova, e a jogar em casa, eu esperava um bocadinho mais. Mais resiliência, mais força, mais carácter. Num jogo a valer tanto, não pode ser apenas quanto estão a perder — tem de ser ao longo dos 90, 120 ou 200 minutos. Do início ao fim.
Assim, pela campanha, de forma geral, merecem medalha e reconhecimento, apesar da própria campanha ter dado a ideia de que o final poderia ser mais feliz em Paris.
🥈A Medalha de Prata vai para…🥈
… Marrocos 🇲🇦 (e Egipto 🇪🇬 )!
Sim, outra vez! E o motivo é essencialmente o mesmo: as duas seguiram a surpreender. Se terem liderado os seus respetivos grupos (a deixar Espanha e Argentina em 2º) tinha sido já interessante, Egipto e Marrocos voltaram a brilhar ao conquistarem o apuramento às ‘meias’, sendo a primeira vez na história que duas seleções africanas chegaram ao top-4 nos Jogos Olímpicos.
Assim, surgiu o tal “Sonho”: uma final entre as duas seleções era possível e seria a primeira vez que duas seleções africanas eram medalhadas numa mesma edição — e se fosse a conquistar a Prata e o Ouro, então? Era mesmo coisa linda! Infelizmente, as duas seleções encontraram em França e Espanha o seu “despertador”, e o que podia ser um pódio quase todo africano tornou-se num embate entre os dois países (que jamais conquistaram uma medalha no Futebol), pelo bronze inédito.
A valer o bronze, vocês já viram: Marrocos aniquilou o Egipto. Por este jogaço e não só, que gostava de destacar mais Marrocos: conquistaram o bronze inédito, venceram a Argentina naquele insólito jogo de abertura, lideraram o seu grupo e ainda golearam os E.U.A pelo caminho. Após surpreender no Mundial 2022, Marrocos segue como uma seleção competitiva, diferente, divertida… Uma lufada de ar fresco no futebol atual. Assim, apesar de terem conquistado o Bronze, para mim Marrocos merece a Prata do nosso Pódio — dividindo-a com o Egipto, que apesar de goleado também merece reconhecimento. 🥈
🥇A Medalha de Ouro vai para…🥇
… Espanha 🇪🇸 !
Não poderia ser outra. Ainda assim, vocês sabem que o meu pódio não segue propriamente as equipas que venceram, mas as que sinto maior necessidade de destacar. E os espanhóis merecem o destaque.
Mas por quê? Basicamente, porque esta Espanha não era a grande favorita ao Ouro. A nível de nomes, e do famoso “papel”, França e Argentina é que eram os “tubarões”, com Lacazette, Mateta, Otamendi, Julian Álvarez, por aí vai. Espanha, apesar de ter uma forte equipa, não aproveitou as 3 vagas “extra-23 anos” para trazer grandes nomes, limitando-se a trazer também jovens como Albel Ruiz, que tem 24 e foi o capitão espanhol.
Depois, a olhar para o desempenho da Fase de Grupos, em que ganharam por pouco ao Usbequistão e ainda perderam para o Egipto, ver a transformação que esta seleção apresentou na fase a eliminar foi surpreendente: golear o Japão, remontar sobre Marrocos e também a Final contra a França… Esta equipa deu espetáculo, mostrou carácter, e realmente foi a melhor seleção desta fase a Eliminar.
Por isso, Ouro Olímpico e também “Setenta e Oitímpico” para vosotros, hermanos.🥇
Encerramos assim o Torneio Olímpico de Futebol Masculino, mas não se preocupem! Ainda temos o Torneio Feminino para falar sobre! E depois ainda falta também ver como ficou o nosso quadro de medalhas…👀
Fiquem atentos!
Lucas Lemos