Será Zubimendi o substituto de Rodri?
Com a chegada do mercado de inverno, torna-se urgente para o clube de Manchester procurar um jogador com características semelhantes a Rodri. No entanto, não parece tarefa fácil.
Após uma época em que, pela primeira vez na história da Premier League, um clube conseguiu sagrar-se tetracampeão, o Manchester City enfrenta agora um período de crise como há muito não se via. Em 16 jogos disputados desde 30 de outubro, entre Premier League, EFL Cup e Liga dos Campeões, a equipa de Pep Guardiola perdeu 9 deles, empatou 3 e venceu 4. Como se não bastasse, as derrotas foram bastante expressivas, destacando-se os jogos contra Sporting CP, Tottenham, Liverpool e o grande rival da cidade, Manchester United. Apesar de não ser a única explicação para esta quebra abrupta de rendimento, podemos associar os últimos resultados negativos à ausência de Rodri Hernández, afastado até ao final da época devido a uma lesão muito comum: a do ligamento cruzado anterior (LCA).
Com base em dados recolhidos até setembro deste ano, é possível perceber a influência do médio espanhol na equipa. Sem Rodri, o Manchester City venceu apenas 13 dos 21 jogos disputados, o que se traduz numa taxa de vitórias de 61,9%. Com Rodri, tudo muda. Dos 174 jogos realizados desde a época 2019/2020, venceram 129, o que corresponde a 74,1% de vitórias. Rodri também detém o recorde de maior número de jogos consecutivos sem perder. Em maio deste ano, contra o West Ham, chegou a 74 jogos sem conhecer o sabor da derrota.
Com a chegada do mercado de inverno, torna-se urgente para o clube de Manchester procurar um jogador com características semelhantes. A tarefa não parece fácil, considerando que se trata de um perfil único, mas há um certo colega de seleção que pode estar à altura: Martín Zubimendi.
Como joga Zubimendi e qual a sua influência na Real Sociedad?
Martín Zubimendi seguiu um percurso típico na Real Sociedad, crescendo na formação do clube e estreando-se na época 2019/2020 pela equipa principal. Atualmente, soma já 209 jogos com a camisola Txuri-urdin.
É uma peça fundamental no meio-campo de Imanol Alguacil, recuando frequentemente para junto dos centrais para receber a bola e, a partir daí, construir jogo, assumindo o papel de organizador e controlador de ritmos. Com a bola nos pés, destaca-se pela qualidade dos seus passes. Na temporada 2023/2024 da LALIGA, por exemplo, 88% dos seus passes foram bem-sucedidos.
Contudo, não basta analisar este dado de forma isolada. É necessário considerar os passes progressivos, nos quais se encontra entre os 33% dos melhores jogadores com perfil semelhante ao seu. Zubimendi revela-se bastante criterioso no momento de passar a bola, permitindo a criação de espaços e a abertura de linhas de passe, aproximando a equipa do principal objetivo: chegar à área adversária e marcar golo.
A contribuição de um jogador, especialmente de um médio defensivo, não deve ser avaliada apenas pelo trabalho com a bola, pois grande parte do seu valor em campo reside no trabalho sem ela. Graças a uma boa leitura de jogo, Zubimendi consegue estar sempre no momento e no lugar certo, servindo de apoio a extremos como Take Kubo e Barrenetxea.
Defensivamente, apresenta números positivos. Venceu 94% dos duelos aéreos que disputou o ano passado, demonstrando competitividade apesar de não parecer o jogador mais físico. Ainda na vertente defensiva, está entre os melhores 15% e 38% de jogadores quando se trata de aliviar a bola e bloquear ações adversárias, respetivamente, provando a sua importância nas ações e transições defensivas.
Zubimendi vs Rodri: semelhanças e diferenças
Ambos já comparados a Sergio Busquets em algum momento das suas carreiras, resta-nos perguntar em que se assemelham e diferenciam estes dois jogadores.
Através de dados, percebemos que, à partida, ocupam a mesma posição, mas assumem papéis bastante distintos nas suas equipas.
Enquanto Rodri surge mais frequentemente em zonas de finalização, somando mais contributos para golo e destacando-se com remates de fora da área, Zubimendi ainda não desenvolveu tanto esta vertente do seu jogo.

A análise dos mapas de calor também evidencia diferenças. Rodri evoluiu significativamente desde a sua chegada a Inglaterra, transformando-se num médio muito mais completo em comparação com o que era no Villarreal e no Atlético de Madrid. Sem negligenciar as tarefas defensivas, é um elemento-chave em todas as fases do jogo do Manchester City, cobrindo grande parte do terreno de jogo.

Ao nível do número de passes, Rodri leva vantagem muito devido ao contexto do Manchester City, equipa que privilegia a posse de bola e os passes curtos entre jogadores para controlar o jogo. Mesmo assim, ambos têm uma elevada taxa de sucesso nos passes. Na época passada, Rodri falhou apenas 214 passes em 3.091, enquanto Zubimendi falhou 172 em 1.265.
Como já evidenciado, o número 4 da Real Sociedad tem uma importância imensa no processo defensivo da equipa, superando até Rodri no que diz respeito à sua implicação nessa fase do jogo.
No entanto, e também por ser um jogador que sabe aproveitar melhor o seu físico, Rodri é mais bem-sucedido nos duelos aéreos.
Apesar de tudo, e confirmando a importância de Zubimendi em momentos defensivos da Real, este vence nos duelos disputados no chão.
O substituto de Rodri?
Martín Zubimendi tem demonstrado, tanto no âmbito nacional como internacional, que está preparado para competir ao mais alto nível que caracteriza o Manchester City. A sua prestação na final do Euro 2024, onde substituiu Rodri, MVP do torneio e atual Bola de Ouro, evidencia a sua capacidade para ser decisivo em momentos críticos.
Além disso, o seu desempenho na edição 2023/2024 da Liga dos Campeões, onde foi distinguido como MVP em dois jogos frente a equipas de elite europeia, reforça o seu perfil como jogador capaz de brilhar nos palcos mais exigentes do futebol.
Estatisticamente, Zubimendi combina sólidas habilidades defensivas com uma excelente capacidade de construção de jogo a partir de trás, características que encaixam perfeitamente no estilo de jogo de Guardiola. Apesar de ainda ter margem para melhorar a sua presença ofensiva, a sua capacidade de adaptação e o potencial de crescimento sob o comando de um treinador como Pep — conhecido por potenciar o melhor nos seus médios, como foi o caso de Busquets — tornam-no uma opção ideal para renovar um plantel envelhecido e manter o nível competitivo dos Cityzens.
Matilde Pinhol
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