"You can't see me": Os Oitavos da Champions League
Dérbi Madrileño, Super Arsenal e Raphinha a decidir na Luz: os destaques da primeira mão dos oiavos da Liga dos Campeões da Europa.
Tal como o novo formato da UEFA Champions League, aqui também vamos à aventura. Na Casa dos Milhões, queremos trazer-vos o melhor e o pior da edição 24/25 desta liga milionária.
JOGOS EM DESTAQUE:
SL Benfica X FC Barcelona
A magia espanhola, o muro polaco e a frieza brasileira.
O Estádio da Luz recebeu pela segunda vez este ano a visita do vice-campeão espanhol, o FC Barcelona. Depois do resultado amargo (e da forma como se sucedeu) na visita prévia dos catalães a Lisboa, o “inferno” da Luz prometia uma calorosa receção aos “culés”.
Com Dí Maria, Florentino Luís, Alexander Bah, Bruma e Manu Silva de fora, Bruno Lage apostou novamente em Tomás Araújo pela direita, Leandro Barreiro de volta ao meio-campo e Andreas Schjelderup na ala esquerda. Do lado catalão, Gavi e Marc Casadó ficaram de fora, com Frenkie De Jong e Dani Olmo a acompanharem Pedri González no meio-campo.
Após um início de partida dividido, tal como se esperava, eis que surge o primeiro dos dois momentos marcantes do jogo. Vangelis Pavlidis rompe pela defensiva ‘blaugrana’, e o jovem Pau Cubarsí, de forma imprudente, derruba o grego à entrada da área, valendo-lhe o cartão vermelho. A partir daqui, o jogo (e quiçá, a eliminatória) parecia uma montanha muito complicada de escalar para o Barcelona.
No entanto, verificou-se exatamente o oposto. Hansi Flick, treinador alemão dos visitantes não hesitou em baixar as linhas, retirar Dani Olmo por Ronald Araújo, e explorar os contra-ataques permitidos pelos portugueses, que apesar de conseguirem chegar à baliza do Barcelona, viam-se constantemente negados por Wojciech Szczęsny, guarda-redes polaco que assinou uma exibição de alto nível.
O Benfica não conseguia explorar as costas da defesa do Barcelona, uma vez que a linha catalã se encontrava muito descida, e quem aproveitava, a bordo do “mágico” Pedri (melhor jogador em campo) era o Barcelona, que com contra-ataques venenosos procurava desatar o nó. Eis que chega o momento principal da noite. Numa saída de bola do Benfica, António Silva avalia mal o posicionamento de Álvaro Carreras, e num passe que fica curto, deixa a bola nos pés de Raphinha, que num movimento vertical, coloca os visitantes a vencer por 0-1.
Gelou o Estádio da Luz. Tudo parecia (e ficou) mais complicado a partir daí. Bruno Lage, que voltou a ter culpas pelas substituições que fez (e pelo seu timing), ainda mexeu na equipa (lançou Samuel Dahl, João Rêgo, Andrea Belotti, Arthur Cabral e Renato Sanches) mas de nada valeu. Os ‘blaugrana’ fizeram das tripas coração, fecharam-se compactos “lá atrás” e vão na frente para a Catalunha. Szczęsny defendeu tudo, Pedri deixou um nó no meio-campo benfiquista, e Raphinha gelou mais de 60000 pessoas. Vantagem Barcelona.
Real Madrid X Atlético Madrid
As tensões entre Real Madrid e Atleti estão mais vivas do que nunca. Apesar de o futebol praticado dentro de campo não se revelar o mais atrativo aos olhos do público, as polémicas arbitrais têm gerado discussão suficiente para camuflar esse pormenor.
Envolto em grandes expectativas, muito devido aos encontros históricos entre estes dois rivais ao longo dos últimos 11 anos na Champions League, a primeira mão dos oitavos de final começou por presentear-nos com um golo extraordinário de Rodrygo, um dos grandes protagonistas da noite. Junto à linha lateral, recebeu o passe de Fede Valverde e, numa arrancada, deixou para trás Javi Galán e inaugurou o marcador com um remate indefensável para Oblak. Assim, desde início que ‘los blancos’ mostraram ao que vinham, tentando controlar a bola e aproveitando a sua qualidade individual da melhor forma.
A superioridade da equipa da casa fez-se sentir por largos períodos, mas os colchoneros conseguiram aproveitar a sua quebra nos últimos minutos da primeira parte. Julian Alvarez não perdoou e com um toque de mago fez um golo de fazer inveja aos melhores do mundo. Novamente a marcar a diferença, soma já 7 golos na competição milionária.
O resto dos 90 minutos seguiram bastante mornos, sem que nenhuma das equipas fosse capaz de praticar um futebol digno de um jogo europeu, com Simeone a fazer substituições bastante erráticas ao retirar Griezmann da partida e a colocar a Le Normand para ter mais um central em jogo. Com um plantel com a qualidade ofensiva que apresentam os rojiblancos, parece haver um desaproveitamento por parte do treinador argentino dos seus jogadores que com mais facilidade chegam à grande área. Uma vez mais, salvou-se o fantástico remate de Brahim que colocou o Real Madrid em vantagem na eliminatória.
Parece que, para o marroquino, o questionamento de Simeone sobre a sua titularidade foram o combustível necessário para deixar tudo em campo, surgindo de caras como o melhor jogador do atual campeão espanhol. A realidade é que, quando mais necessitam, Díaz aparece como uma solução bastante viável para ajudar a colocar a equipa em jogo. Não sendo o protagonista num Real Madrid cheio de estrelas, é indiscutível que tem o nível necessário para estar no topo do futebol mundial.
Apesar de os dados não nos contarem toda a história de um jogo, a verdade é que os de Brahim são bastante exemplificativos daquilo que foi a sua performance no Santiago Bernabéu. Uma vez mais, Ancelotti parece certo ao apostar na titularidade do extremo direito.
Outra grande figura da noite foi ‘La Araña’, que vem cada vez mais demonstrando que saiu extremamente barato ao Atlético de Madrid. Jogando na sombra de Haaland durante a sua passagem por Manchester, encontrou na capital espanhola o contexto ideal para finalmente ganhar a notoriedade que buscava desde que chegou à Europa. De jovem promessa da formação do River Plate a um dos melhores jogadores da atualidade, o argentino soube aproveitar as suas mais-valias - sim, porque além dos golos tem a capacidade de adaptação e de associação que agrada a qualquer treinador, sendo crucial nos movimentos que faz sem bola - para se colocar nas bocas do mundo.
João Pinto e Matilde Pinhol
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