Fredy Montero, o 'Avioncito'
A 'Tuga Não Esquece' recria a vibe “the streets won’t forget” e relembra vários jogadores icónicos. Desta vez, lembramos das passagens de ‘El Avioncito’ por Portugal.
Eles dizem que ‘o bom filho a casa torna’. Fredy Montero fê-lo com os Vancouver Whitecaps, Seattle Sounders, Deportivo Cali (onde substituiu Teo Gutiérrez), e Sporting Clube de Portugal. ‘El Avioncito’ chegou a aterrar na MLS, Chinese Super League e o mítico Liga ZON Sagres, um bom filho de diversas casas.
Em julho de 2013, aterrou um pequeno avião para garantir um substituto para um tal de Ricky van Wolfswinkel, apresentado como a grande contratação para a temporada que se avizinhava pelo recém-chegado Bruno de Carvalho.
Após quatro anos nos Estados Unidos, onde se tornou na grande figura da sua equipa e logrou tornar-se o melhor marcador da história dos Seattle Sounders, Fredy Montero regressou à Colômbia para jogar no Millonarios, uma jogada de xadrez para garantir a sua presença no Mundial de 2014. Não correu como quis, apesar das suas prestações positivas.
O seu impacto foi sentido logo nos primeiros instantes como leão.
No século XXI a estreia de Gyokeres é apenas batida pela de Fredy Montero – um hattrick frente ao Arouca que ficou na história.
‘Estou encantado’, dizia Leonardo Jardim, treinador de Fredy Montero e Sporting Clube de Portugal.
Também nós, Leonardo.
‘El Avioncito’ voou. Mais 13 golos chegariam até 2014, onde surgiu um desconhecido chamado Islam Slimani, que parecia saber onde estava a baliza adversária, e faltou combustível ao Fredy Montero, que entrou num período turbulento.
A semelhança de Paulinho – atacantes confortáveis em papéis secundários, medidos pelos golos quando eram capazes de oferecer muito mais em fases de criação e ligação.
Na verdade, Montero demonstrava-se como tecnicista com tiques de goleador. O ‘9’ que seria mais feliz como o ‘10’ que parecia tantas vezes ser.
Aquela assistência frente ao Qarabag em casa. Os gestos acrobáticos, contra o Marítimo inclusive. Montero não era só mais um. Tinha algo especial.
64 contribuições para golo em 131 partidas de verde e branco não é digno para ser colocado no patamar de ponta de lança ao que adeptos do Sporting habituaram-se, de geração em geração, desde Peyroteo para Mário Jardel, para Islam Slimani, Bas Dost e agora, Viktor Gyökeres.
Mas mais que números, momentos.
Um sportinguista num período entre campeonatos vai ter dificuldades em apontar para uma memória assim marcante no longo percurso como apaixonado. Aquela Taça de Portugal, com expulsões, um golo nos últimos instantes, e grandes penalidades? Sonhos são feitos destes momentos, e realizaram-se em pleno Jamor. Um protagonista dos golos mais bonitos no período do clube onde esteve presente, marcou as infâncias de inúmeros leões e leoas.
E os festejos eram icónicos.
‘O Mundo Sabe Que' serei sempre leão, palavras do próprio. Há poucas conexões puras e genuínas no futebol moderno, menos cultivadas de maneira natural como entre um jogador estrangeiro e um clube acolhedor que ensina ao jogador as nuances da instituição. Um atacante que até carregou o peso da braçadeira em contexto de pré-época. Em 13/14, Fredy aprendeu a amar. Em 17/18 e 18/19, Fredy demonstrou amar. Nem todos os jogadores com apelido de ‘Sportinguista’ ficaram. Fredy ficou até ser empurrado, perante condições adversas conhecidas em 2018, e questões familiares de saúde.
Colômbia abençoou o campeonato português com inúmeras pérolas no eixo ofensivo – desde Jackson Martínez até Radamel Falcão até, sim, Fredy Montero. Uns destacaram-se pelo domínio, jogadores claramente de outro patamar – outro que se destacou pelo seu estilo, elegante e oportuno. Pela estética. Uma lembrança, que futebol nem sempre são números e há espaço para olhos e coração ditar os favoritos que ficarão na memória. Pela ligação ao novo projeto desportivo após o abismo desportivo e financeiro conhecido por todos em relação ao Sporting de 2012/13.
A Tuga Não Esquece, Fredy Montero.
E vamos tentar esquecer o crypto…
Kevin Fernandes
As últimas do projeto: