A Crónica dos Campeões
Chegámos ao fim de mais de mais uma edição da Liga dos Campeões com muitas surpresas, desilusões e histórias que ficaram por escrever.
Desde cedo descobrimos que a edição 22/23 da Liga dos Campeões, tinha o potencial desejado para proporcionar aos fãs de futebol uma jornada repleta de emoção do início até ao fim. A fase de grupos começou com vários clubes tradicionais que mostraram um futebol que justificava o porquê de serem as “cabeças de série”. O gigante espanhol da liga milionária, Real Madrid dominou na fase inicial, bem como os “citizens” e o Bayern de Munique – todos estes e muitos mais, anteciparam cenários e colmataram os momentos-chave de forma a alimentar a ânsia de chegar longe na competição.
Em bom terreno português, os três grandes também protagonizaram jogos de grande calibre nos seus respetivos grupos. O Porto de Sérgio Conceição e o embate contra o Atlético de Madrid voltou a acontecer e num grupo onde o mais espectável era o equilíbrio entre todas as equipas, a história não ficou escrita dessa maneira. O Atlético de Madrid partia como favorito, mas cedo soube que não ia ser assim tão fácil – o Clube Brugge ativou o “Modo Champions” e surpreendeu o Dragão com 4 chocolates belgas. Mas como não adianta chorar sobre leite derramado, os azuis e brancos não esqueceram e devolveram com toda a cortesia 4 tiros ao Clube Brugge. Tiros e chocolates à parte, o Atlético que partiu como favorito, sucumbiu à pressão e nem um lugar de acesso à Liga Europa conseguiu.
Já o Benfica que depois de ter chegado aos quartos de final na edição 21/22, e com um começo de época de excelência – a expectativa de as águias voarem bem alto na europa, era bem grande. Mas com um Paris Saint Germain galáctico e uma Juventus que apesar de não estar a viver os seus melhores anos, cedo descobrimos que o grupo H estava recheado de embates ao mais alto nível. Mas a águia no meio de hienas e feras, não temeu e acabou por terminar no primeiro lugar do grupo.
Mas numa competição deste nível é habitual, todos os anos haver favoritos que deixam a desejar e equipas surpresa que protagonizam jogos memoráveis – nesta edição as equipas italianas vieram em força, nomeadamente o Nápoles que começou a época com o pé direito, tanto a nível nacional como a nível europeu. Num grupo com Liverpool e Ajax, a força napolitana mostrou a glória de outros tempos e conseguiu superar os Reds que vacilaram que em momentos oportunos, conseguindo terminar a fase de grupos em primeiro lugar. Seguiu-se a fase eliminatória e nos oitavos de final, o sorteio quis que o Nápoles enfrentasse um Frankfurt que mostrava ser coeso e ponderado, mas a equipa liderada por Spalletti vinha com um outro ADN e rapidamente uma eliminatória que parecia ser equilibrada, desvaneceu. Essa aura vencedora do nápoles alimentava a esperança dos adeptos que queriam ver a história ser feita na liga milionária – essa confiança em chegar até à final da Liga dos Campeões aumentava cada vez mais, o Nápoles demonstrava entrar em campo com uma mentalidade ofensiva, sempre à procura de impor um estilo de jogo com ataques rápidos e sempre com Kvaratskhelia e Osimhen em grande destaque. Nesta edição da Liga dos Campeões as equipas italianas vieram em peso, sendo a Juventus, o único conjunto italiano que não conseguiu passar da fase de grupos. Após o sorteio dos quartos de final, o “mapa” ficou desenhado de forma a que todas as equipas do cálcio: Inter, Ac Milan e Nápoles ficassem do mesmo lado da eliminatória.
No entanto, falar de Champions League é falar de Real Madrid – e os merengues embarcaram mais uma jornada de muita emoção, sempre com a esperança de chegar mais uma vez até à final. Com uma história rica e tradicional no torneio, o Real Madrid procurava adicionar mais um capítulo de glória ao seu legado europeu. Com um elenco habituada a brilhar em noite europeias, o clube madrileno eliminou o Liverpool e o Chelsea, mas foi o Manchester City, a única equipa inglesa na competição, capaz de acabar com a glória merengue. Os “citizens” que tanto sonhavam em vencer a “orelhuda”, demonstraram desde a fase de grupos o domínio na competição com atuações imponentes e resultados convincentes – o clube inglês assegurou a classificação para os oitavos de final, exibindo um estilo de jogo astuto e sagaz que culminou com o conjunto a ser distinguido com a melhor defesa (apenas cinco golos sofridos), melhor ataque (32 golos marcados) e ainda com o melhor marcador (Haaland com 12 golos marcados.
Foi mais uma edição da Liga dos Campeões com emoção do início até ao fim, fim esse que juntou Manchester City e Inter na luta pelo lugar na história que todos querem. Em Manchester, o City nunca escondeu o desejo de levantar o maior troféu europeu de clubes e o investimento ao longo dos anos não deixa dúvidas quanto ao objetivo: “Champions”. Em Milão, as cobras tinham um plano para que a prateleira dos citizens se mantivesse vazia, e é inegável toda a história e experiência dos nerazzuri na competição.
Mas este ano, o desfecho não podia ser outro, e ganhou quem mais mereceu – na hora do apito final, nem as câmaras tinham fôlego para centrarem o plano nos batimentos cardíacos de Guardiola no banco; os guerreiros do City deixaram-se cair, verteram lágrimas e correrem em todas as direções no relvado, o treinador pareceu travar-se no tempo. No meio do caos e da adrenalina, Pep parou no sepulcro da ocasião. Doze anos, seis ‘meias’ e uma final depois, o treinador volta a conquistar a Liga dos Campeões, tocando na orelhuda – o troféu que tanto lhe apontaram a falta.
Ishan Lacmane
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