A Incrível História de Didier Drogba
A infância atribulada, o encontro com José Mourinho e um lugar marcado na história.
Didier Yves Drogba Tébily nasceu em Abidjan, capital da Costa do Marfim, mas rapidamente mudou de ares. Com apenas cinco anos, viajou sozinho para o continente que acabaria por marcar a sua vida para sempre e passou três anos de um lado para o outro, atrás do seu tio, então jogador de futebol profissional do Brest, em França. Muitas vezes apelidado de African King ou The Drog, representou muito mais do que isso para José Mourinho e com ele criou uma relação especial.
Didier Drogba destacou-se desde cedo pela forma como era capaz de articular a técnica com a força, a assistência com o golo e o trabalho com a diversão. Educado por pais rigorosos e exigentes, ficou proibido de jogar futebol depois de ter reprovado na escola. Cumprido o castigo, regressaria aos relvados um ano mais tarde, ao serviço do Levallois SC, no escalão de Juniores, e por lá ficaria até assinar pelo Le Mans, também em França. Estreou-se como sénior já depois de completar duas décadas de vida e rapidamente despertou o interesse dos grandes clubes franceses. Depois de uma curta passagem pelo Guingamp, onde apontou 24 golos em 50 jogos, mudou-se para o Marselha e ouviu tocar pela primeira vez o hino da Champions League. Inspirado pelo Mar Mediterrâneo, Drogba foi droit au but - lema do Olympique de Marseille que significa “direto ao golo” - e por 32 vezes colocou a bola no fundo das redes. Quis o destino que uma dessas vezes fosse contra o FC Porto de José Mourinho que, deslumbrado com as suas capacidades, prometeu que o levaria para a sua equipa na época seguinte.
Foram escassas as vezes que José Mourinho não cumpriu a sua palavra, virtude que daria espaço ao nascimento de uma das mais icônicas relações do futebol. Em 2004, assinou pelo Chelsea e com ele levou o costa-marfinense que o tinha encantado uns meses antes: Didier Drogba tornava-se jogador dos blues a troco de 38 milhões de euros. Tendo em conta os valores envolvidos em transferências na altura, muitos julgaram tratar-se de um exagero. Mourinho não tinha dúvidas, era uma mera pechincha.
Drogba precisou de apenas três jogos para apontar o seu primeiro golo na Premier League, antes de ser atraiçoado por uma lesão que o deixaria afastado dos relvados por dois meses. Ainda assim, relevou-se peça chave na caminhada do Chelsea rumo à conquista da Premier League, feito que não acontecia há 50 anos. No ano seguinte, a história repetiu-se. Não só a nível interno como europeu também, com a equipa londrina a alcançar a segunda meia-final consecutiva na Champions League. Mourinho, então bicampeão inglês e eleito Special One, abandonaria o comando da equipa de Stamford Bridge no decorrer da terceira época, mas jamais esqueceria o que viveu com aquela que diz ter sido a primeira grande aposta da sua carreira. No passado dia 20 de Julho, recordou-a assim nas redes sociais:
“20 July 2004 I signed this striker. He could not score, he could not work, he could not fight, he could not lead. I was lucky to win 3 Premier League titles with this guy. Forever one of my gang.” - José Mourinho sobre Didier Drogba, via Instagram.
Em 2008, Didier Drogba chegaria mesmo à sua primeira final europeia e logo frente ao rival Manchester United. Depois de um empate no tempo regulamentar, o ponta de lança acabaria expulso no prolongamento e veria já do lado de fora a sua equipa ser derrotada nas grandes penalidades. Ainda assim, o destino parecia não se ter esquecido de quem nasceu para brilhar. Drogba viu na final de 2012 uma oportunidade de redenção e jamais a deixaria escapar: marcou ao cair do pano, levou o jogo para o tempo-extra e não tremeu no desempate por pénaltis. Em plena Allianz Arena, e frente à equipa da casa, o Chelsea conquistava a tão esperada Liga dos Campeões e The Drog alcançava o zénite da sua carreira futebolística.
Seguiram-se passagens pela China, Turquia, Canadá e Estados Unidos. No entretanto, regressou ao Chelsea a pedido de José Mourinho e com ele conquistou mais uma Premier League, desta vez aos 37 anos, afirmando-se novamente como uma das lendas do futebol europeu.
Didier Drogba conquistou o mundo, mesmo sem ter alguma vez vencido a competição do próprio continente - CAN. Esteve perto em 2006 e em 2012, mas viu a sua seleção ser derrotada na final em ambas as ocasiões. Ainda assim, foi eleito o melhor jogador africano em 2006 e 2009, e coroado African King.
A aventura de Didier Drogba no futebol começou cedo e depressa contou com uma grande ajuda: Mourinho começou por perguntar-lhe se tinha irmãos ou primos que jogassem como ele, depois, prometeu torná-lo num dos melhores jogadores do mundo e, por fim, cumpriu-o. O menino de Abidjan, assustado e reticente por deixar a casa para trás, estará certamente orgulhoso da história que escreveu.
José Maria Pinto
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