Cavadinha Mundial: Panamá(is)
As Brasileiras estrearam-se frente ao Panamá com uma grande vitória.
E, quando menos esperavam, mais uma Cavadinha! Com um Mundial a decorrer, o futebol não para. E nós também não. Assim, hoje analisamos essa estreia da equipa Canarinho no Mundial da Austrália/Nova Zelândia.
Caso esteja a “cair” aqui de repente e não saiba nada sobre as senhoras que vestem o verde, amarelo e azul (azul porque não podia roubar o verde e amarelo à equipa da casa, não é?), não se preocupe que já tratamos disso também. É só ver o guia onde falamos em tudo sobre a Seleção Brasileira Feminina.
Pertencente ao Grupo F, o Brasil disputa uma vaga nos oitavos com França, Jamaica e Panamá, sendo esta última a adversária da primeira jornada, hoje (24/7) as 12h (8h horário de Brasília). O calendário segue com duelo frente a França (29/7) e, por último, Jamaica (02/08).
Para o embate com as Panamenhas, o Brasil veio a jogo com um onze muito parecido ao antecipado pela Cavadinha no último texto: Letícia Izidoro na baliza, com Lauren e Rafaelle como defesas centrais e Antónia e Tamires como defesas laterais (direita e esquerda, respetivamente); Kerolin e Luana como “6” e “8”, com Ary Borges e Adriana como médias ofensivas pelos lados e, no ataque, a dupla Debinha e Bia Zaneratto, completando o esquema tático de 4-4-2.
Onze inicial do Brasil frente ao Panamá. Créditos: @SeleçãoFeminina/Twitter.
A única alteração relativamente ao previsto foi a entrada da Lauren, do Madrid CFF, no lugar da Kathellen, do Real Madrid. A mudança foi mesmo opção técnica da treinadora Pia Sundhage.
O Panamá veio a jogo num 5-4-1, com: Bailey (GR); Vargas, Pinzón e Baltrip-Reyes; Jaén e Castillo; Quintero, González, Cox e Mills; Riley.
O jogo começou com as emoções ao rubro, com as atletas, quer do Brasil, quer do Panamá, indo às lágrimas com a execução dos seus respetivos hinos nacionais. Dentro das quatro linhas, contudo, o Brasil não deu muito espaço para o Panamá aparecer. Com uma forte pressão e um ataque forte pelas alas, o Brasil encostou a equipa Panamenha no setor defensivo desde o primeiro minuto. Resultado disso foi, ao final da primeira parte, o Panamá não ter efetuado qualquer tipo de remate, tendo apenas 25% da posse de bola. O Brasil teve 16 remates (7 enquadrados), com 75% da posse e 84% de precisão de passe.
A primeira parte representou um verdadeiro Ataque vs Defesa. As brasileiras não sentiram a pressão da estreia, mesmo tendo muitas atletas que estão no seu primeiro mundial da carreira, e conseguiram concretizar um jogo extremamente seguro até ao intervalo. Destaque para Luana, fulcral para manter a alta pressão Canarinho e também a posse de bola ofensiva. Tamires e Debinha, abrindo mais o jogo pela ala esquerda, também fizeram um grande trabalho no setor de onde surgiram os dois primeiros golos do Brasil, que chegou ao intervalo com 2-0.
O grande nome do jogo era, entretanto, Ary Borges. Com o número 17 nas costas, a médio de 23 anos marcou os dois golos do Brasil ao fazer boas infiltrações na área e surpreender a defesa adversária. Primeiro, aos 19’, o cruzamento de Debinha pela esquerda encontrou Ary isolada nas costas da defesa, abrindo o placar com um cabeceamento sem hipóteses de defesa. Vinte minutos depois, novamente pela esquerda, Tamires encontrou a companheira mais uma vez nas costas da defesa, conseguindo a Ary marcar o segundo no ressalto de mais um cabeceamento.
Ao começar a segunda parte, mais do mesmo: aos três minutos de jogo, mais uma grande jogada pela esquerda, com o cruzamento novamente a encontrar Ary Borges na pequena área, esta que, podendo fazer o hat-trick, assistiu, com o calcanhar, para Bia Zaneratto fazer o 3-0. A situação levou ao que o Panamá, que tinha já feito uma substituição ao intervalo (Natis no lugar de Jaén), voltasse trocar atletas ao minuto sete da segunda parte (Tannis e Cedeño entraram, saíram Mills e Riley).
Foi apenas aos 56’ que o Panamá conseguiu o seu primeiro ataque no jogo, num remate que não ofereceu grandes dificuldades à Letícia. Foi também nessa altura que o Brasil optou por fazer alterações, com Bruninha, Geyse e Gabi Nunes a entrarem para substituir Antónia, Debinha e Bia Zaneratto, respetivamente.
Com o passar dos minutos, o Panamá ainda chegou a ter mais uma ocasião, mas nada que pudesse pôr em causa a soberania Carinho no encontro, com os dois remates da seleção centro-Americana na altura a contrastarem com os 24 efetuados pelo Brasil. Mesmo assim, ouvia-se no estádio gritos de “Sí, se puede!” por parte dos adeptos, numa clara demonstração do apoio que o Panamá recebeu independentemente do resultado.
O Brasil continuou a apertar o Panamá e, adivinhem lá? Cruzamento pela esquerda… Sim. Ary Borges mais uma vez pisou na área e, pela quarta vez, respondeu ao cruzamento, com um cabeceamento por entre as pernas da guarda-redes. Era o minuto 72, Ary Borges anotava três golos e uma assistência e o Brasil encantava com um 4-0.
A grande expetativa dos adeptos era de ver em jogo Marta, maior futebolista da história da Seleção Brasileira e uma das maiores do jogo em si, e, ao minuto 73, após o quarto golo brasileiro, Pia Sundhage trouxe para jogo a “Rainha do Futebol”, que entrou para o lugar da goleadora Ary Borges e levou o estádio à loucura, com ovação quer para quem entrava, quer para a estreante a sair. Marta, seis vezes eleita melhor do Mundo, começou assim a sua participação neste que é o seu sexto Mundial da carreira. A número 10 estava no banco de suplentes após recuperar de uma lesão.
Duda Sampaio entrou também para o lugar da Luana.
Ao falar em lesão, a meio-campista Aldrith Quintero sentiu-se mal após concussão na cabeça após colisão com a também “médio” Luana. A atleta do Brasil logo voltou ao jogo, enquanto a Panamenha esteve mais tempo a ser analisada pelos médicos e, após uns minutos, sentou-se no banco, sendo substituída pela Deysire Salazar. Votos de melhoras para a atleta do Panamá.
Entrou a Marta no Brasil, saiu no adversário. O Panamá também completou as suas substituições ao levar a jogo Lineth Cedeño no lugar de Marta Cox.
Com o final da partida cada vez mais próximo, a pressão brasileira baixou, com o Panamá ainda a conseguir encontrar algumas oportunidades no final. O Brasil assumiu o papel de controlar o encontro, e assim o fez.
Resultado: Brasil 4 - 0 Panamá
Destaque: Ary Borges. Com três golos e uma assistência, seria injusto referir qualquer outro nome.
Grande momento: Difícil escolher só um. Temos o hat-trick da estreante Ary Borges, Marta a atingir o sexto mundial da carreira, o golaço que deu o 3-0 ao Brasil… Muitas opções. O que fica é que foi um jogo histórico e memorável.
O Brasil chegou ao Mundial a dar tudo e não deu hipóteses às estreantes do Panamá. Com a derrota, o Panamá completou o facto de que todas as oito seleções estreantes saíram com derrotas, entre elas Portugal.
O Brasil enfrenta a França sábado às 11h (7h em Brasília) e Panamá defronta Jamaica no mesmo dia as 13h (9h30 em Brasília).
Lucas Lemos
As últimas do projeto:
Os Panenka: Mercado: Portugal e Arábia c/ Francisco Guimarães
Modo Carreira: Futuro e Gestão de Expectativas.
Spaces 78: Europeu Sub-21 e o Mercado de Transferências
Letra e Vírgula:
Damas de Ferro:
Cavadinha: