El Niño: o ídolo de Madrid
Fernando Torres não é um nome que passe despercebido aos adeptos de futebol, muito menos aos adeptos espanhóis.
É uma das figuras mais emblemáticas da geração de ouro da seleção do país vizinho, podendo gabar-se de ter conquistado um campeonato do Mundo e dois Europeus pela seleção A, bem como outros dois campeonatos da Europa ao serviço dos sub-16 e sub-19. Mas não só do sucesso nestes torneios viveu a carreira de Torres. 1 Liga dos Campeões (Chelsea), 2 Liga Europa (Chelsea e Atlético de Madrid), 1 FA Cup (Chelsea) e 1 troféu de campeão da Segunda División espanhola com os colchoneros na longínqua época 2001/02 são troféus que poderemos acrescentar ao seu vasto e diverso palmarés.
Dia 27 de maio de 2001 marca a sua estreia pela equipa principal do Atlético de Madrid, clube que o formou e do qual nunca escondeu ser aficionado. Defrontavam o Leganés, estando o Atlético na posição de poder ascender à La Liga. O jogo terminaria com a vitória dos vermelho e brancos, contudo, apenas no ano seguinte seriam capazes de alcançar tal feito. Foi justamente na época que se sucederia que o então jovem jogador ganhou um papel de destaque na equipa, somando 6 golos e 3 assistências no total dos 2.287 minutos que esteve em campo, números que tiveram tendência para aumentar de maneira constante e exponencial a cada ano.
O interesse dos clubes estrangeiros era patente. Muitos namoravam as suas qualidades de veloz matador nato, mas a História quis que Torres escolhesse a Premier League e o Liverpool de Rafa Benítez para dar o passo seguinte da sua carreira. Chegado a uma liga e clube prestigiados, as dúvidas e expectativas eram muitas. Todos os olhos estavam postos na superestrela. Os ingleses e a imprensa seriam, como é fácil de prever, exigentes e implacáveis a cada erro que cometesse. Não contaram foi com uma coisa: aquele que apelidavam de spaniard faria dupla com Steven Gerrard, uma das duplas mais marcantes que passaria pelo futebol inglês nas últimas décadas. Os dois foram a prova de que existe amor à primeira vista, tal como avança um artigo da Planet Football.
No mundo desportivo as lesões fazem parte da profissão, são um risco a que todos os atletas se sujeitam conscientemente e el Niño não foi exceção. Em 2009/10, apresentou problemas no joelho, afastando-se dos relvados por um total de 77 dias, 42 dias entre janeiro e fevereiro e outros 35 entre abril e maio. O jogador tentou por várias formas recuperar a tempo de disputar o Mundial que teria lugar na África do Sul. "Torres encontra-se muito bem e, se em algum momento parou, não foi por problemas, mas apenas por precaução. Não temos dúvidas de que no dia 16 estará em perfeitas condições", palavras de Vicente del Bosque que acalmavam toda uma nação sonhadora e expectante de atingir mais um momento de glória. A final teve tanto de histórica como de trágica. Após excessivos esforços e de uma entrada aos 106 minutos, o número 9 voltou a sair de maca. Todos estes acontecimentos seriam determinantes e impactaram ferozmente o seu futuro. A ida para o Chelsea fica marcada pelo seu claro decréscimo de rendimento, a qual chegou até a resultar num empréstimo por duas épocas ao AC Milan, sendo este usado pelo Setenta Oito, através de um post de Instagram, como exemplo de uma transferência que parece mentira. Ainda assim, não lhe podemos tirar o mérito de ter marcado o tão afamado golo ao FC Barcelona que garantiu a presença do Chelsea na final contra o Bayern de Munique e de ainda no mesmo ano ter sido merecedor da Bota d’ Ouro.
A lenda colchonera regressaria a casa anos mais tarde, fazendo uma passagem rápida pelo Japão antes de pendurar as botas. Enquanto treinador da equipa sub-19 do clube do coração, destaca-se a vitória frente do FC Porto na Youth League por 1-0.
A carreira de Fernando Torres deixa pairar no ar um sentimento de injustiça. Este sentimento anda inevitavelmente de mãos dadas com pensamentos relativos à que poderia ter sido a sua trajetória. Apesar dos azares que remontam a 2010, Torres não deixa de ter conseguido alcançar um dos mais poéticos feitos no futebol, o de conquistar títulos pelo clube em que cresceu e formou a sua identidade. Por isso, nunca será apagado da memória de qualquer espanhol ou romântico de futebol.
Matilde Pinhol
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