Em Busca da Glória Eterna!
A CONMEBOL Libertadores é a conquista máxima do Futebol Sul-Americano. Põe frente a frente as melhores equipas e jogadores do continente, que sonham eternizar o seu nome na história.
Mais uma semana, mais uma Cavadinha! Hoje, ao som de “TAN TAN TAN TAN, TAN TAN TAN TAN, TAN TAN TAN TAN, TANTANTAN TAN!” e de “OH! OHohohohoh! OHohohohoh OHoh! OHoh! OHoh OHoh OH!” (Onomatopeias de alto nível, ou não?). Ainda estão um pouco à toa? Sem stress, até vos deixei o hino para já começarem a entrar na vibe! Hoje é dia de falar dela, o sonho de mais de 400 milhões de atletas, treinadores, profissionais e também de adeptos ao redor de toda a América do Sul: a CONMEBOL Libertadores!
A origem da maior competição de clubes da América, dados históricos, momentos inesquecíveis e um pouco de tudo sobre a competição que representa não só o ápice do futebol Sul-Americano, mas também uma grande parte do que é a cultura apaixonada desses países, é o que nos aguarda hoje.
A Copa dos Campeões
A ideia de uma competição continental começou a surgir na década de 1930, graças aos confrontos para a Copa Río de La Plata (1916 – 1947), que reunia os campeões da Argentina e do Uruguai. Assim, em 1948, surgiu o Campeonato Sul-Americano de Campeões, precursor direto da Copa Libertadores, reunindo os campeões das principais ligas nacionais de cada nação e sendo conquistado pelo Vasco da Gama. O torneio de 1948 deu assim impulso ao chamado modelo “torneio dos campeões” — adotado, por exemplo, na criação da Copa dos Campeões da Europa, em 1955.
En 1948, con Don Luis Valenzuela como presidente de la Confederación, se jugó el antecedente más concreto y orgánico: la Copa de Campeones. Fue en Santiago de Chile, durante febrero y marzo de ese año, con los vencedores de la temporada anterior en cada país. La ganó Vasco da Gama de Río (Brasil) y participaron también River Plate (Buenos Aires, Argentina), Nacional (Montevideo, Uruguay), Colo Colo (Santiago, Chile), Emelec (Guayaquil, Ecuador), Litoral (La Paz, Bolivia) y Deportivo Municipal (Lima, Perú).
(Trecho do Livro “30 Anõs de Pasión Y Fiesta”, da CONMEBOL).
Inspirada também pelo torneio, a Copa dos Campeões da América, que reuniria todos as equipas campeões nacionais na América do Sul para uma disputa de melhor equipa do continente, foi oficializada em 1959. Sendo equivalente à versão europeia, a criação desta Copa possibilitou também o surgimento da Taça Intercontinental, que permitia aos campeões da Europa e da América do Sul decidir qual era a “melhor do mundo”.
A Copa dos Heróis
Tratando-se da maior competição interclubes da América do Sul e uma das maiores do mundo, é de se imaginar que esta ocupa um espaço importante na cultura sul-americana, afinal, o folclore, a fanfarra e a organização de muitas competições em todo o mundo devem os seus aspetos à Libertadores.
Exemplo desse papel além-futebol da prova é, logo de caras, o seu nome: ao contrário de todas as outras competições continentais, que levam nomes “genéricos” (o nome é literalmente o mesmo, só muda a confederação: UEFA/AFC/CAF/OFC/CONCACAF Champions League), a Copa dos Campeões da América foi rebatizada, em 1965, de Copa Libertadores da América em homenagem aos heróis das independências das nações sul-americanas, como Simón Bolívar, José de San Martín, D. Pedro I, Bernardo O'Higgins, José Gervasio Artigas, entre muitos outros. Assim, nada mais justo que uma competição desta magnitude homenageie os heróis da libertação da América Hispânica e do Brasil.
Os heróis mantêm-se ainda hoje, mas, felizmente, com as batalhas e conquistas que têm nos relvados. Assim, vamos então ver um pouco do que aconteceu ao longo dos estádios, jogos e edições da Copa Libertadores da América.
A Copa dos Sonhos
Se há uma palavra que define bem o que simboliza a Libertadores na cultura da América do Sul é esta: sonho. Claro que todas as competições também acabam por se relacionar com o sonho, mas nenhuma o faz como a Libertadores. Talvez, justamente pelo peso histórico que leva no seu nome, o peso do sonho pela liberdade, a verdadeira conquista máxima, que a competição personifique este ideal de sonho como nenhuma outra: o “Sueño Libertador” tornou-se uma verdadeira filosofia da América do Sul, tornou-se uma paixão e uma autêntica obsessão de todos os sul-americanos. Ao contrário dos outros continentes, onde outras modalidades também clamam pela atenção das pessoas, não há, na América Latina, nada que se compare ao que é o futebol. Poucos lugares do mundo vivem tanto o futebol a América do Sul, e nenhum continente vive a sua competição continental da mesma forma que os sul-americanos vivem a Libertadores.
Estamos a falar de uma competição que leva no seu nome e no seu ‘slogan’ justamente todo esse peso, essa paixão: não é a Liga dos Campeões, independentemente de qual continente; não é “road to Istambul” ou onde quer que seja; é a Copa Libertadores da América, “A Glória Eterna”, como faz questão de referir.
A Copa da Glória Eterna
A primeira edição da então Copa dos Campeões ocorreu em 1960 e contou com sete equipes: Bahia (Brasil), Jorge Wilstermann (Bolívia), Millonarios (Colômbia), Olimpia (Paraguai), Peñarol (Uruguai), San Lorenzo (Argentina) e Universidad do Chile, campeões nacionais das suas respetivas ligas em 1959, e acabou conquistada pelo Peñarol, que no ano seguinte chegaria ao bicampeonato.
Em 63 edições, 25 equipas, de 7 países, alcançaram a Glória Eterna, além de outras 18 que chegaram à final, mas seguem sem títulos. O maior campeão da prova é o Independiente, da Argentina, com 7 conquistas. Segue então a lista de maiores campeões da Libertadores:
7 títulos — Independiente-ARG
6 títulos — Boca Juniors-ARG
5 títulos — Peñarol-URU
4 títulos — River Plate e Estudiantes (ARG)
3 títulos — Flamengo, Palmeiras, Grêmio, Santos e São Paulo (BRA); Olímpia-PAR e Nacional-URU
2 títulos — Atl. Nacional-COL; Internacional e Cruzeiro (BRA)
1 título — Atl. Mineiro, Corinthians e Vasco (BRA); L.D.U-EQU; Once Caldas-COL; Colo Colo-CHI; Arg. Juniors, Racing, San Lorenzo e Vélez Sársfield (ARG)
São, então, dez campeões do Brasil, oito da Argentina, dois do Uruguai e da Colômbia e um do Chile, do Equador e do Paraguai. O Brasil ter mais equipas campeãs não significa, contudo, ser o país com tem mais títulos: a fazer a divisão por país, a Argentina tem 25 conquistas, seguida do Brasil, com 22. Fecham a lista Uruguai, com oito troféus, Colômbia e Paraguai, com três títulos, e Chile e Equador, com uma conquista cada.
Em oito ocasiões, o campeão da Libertadores o fez de forma invicta, sendo essas o Peñarol de 1960, o Santos de 63, o Independiente de 64, o Estudiantes de 1969 e de 1970, o Boca Juniors de 1978, o Corinthians de 2012 e, por último, o Flamengo de 2022, justamente na edição do ano passado.
A Copa dos Goleadores
Se há uma coisa que os adeptos adoram é aquele avançado que marca muitos golos e, principalmente, os golos decisivos, e na América do Sul isto não é diferente. Ao longo das 63 edições, vários atletas conseguiram a “bota de ouro” da competição, entre eles grandes nomes como Pelé, Zico, Ricardo Gareca, Amarilla, Jardel (sim, o Jardel), Luis Fabiano e, mais recentemente, Neymar.
Quando olhamos para os últimos anos, vemos que isso se mantém, mas de outra forma. Com o surgimento de Gabriel Barbosa (também conhecido como Gabi ou Gabigol), golos na Libertadores começaram a remeter a um rosto, um nome, uma celebração. Desde que se estreou na prova, Gabi conquistou duas (2019 e 2022) das cinco edições disputadas, sendo também o melhor marcador em duas ocasiões (2019 e 2021). Gabigol tornou-se o homem-golo não só do Flamengo, mas da América do Sul, e, com 31 golos anotados, é o quarto atleta com mais golos na história da CONMEBOL Libertadores — atrás de Alberto Spencer (Equador, 54 golos), Fernando Morena (Uruguai, 37) e Pedro Rocha (Uruguai, 36) e igualado com Daniel Onega (Argentina) —, primeiro da lista quando se trata dos brasileiros. Sendo o único do top-5 ainda em atividade e tendo apenas 26 anos, os 37 golos, que confeririam a Gabi a segunda posição, parecem questão de tempo para serem alcançados, e, os 54 de Spencer, um sonho possível.


E, como se não bastasse marcar muitos golos, Gabriel tem conseguido também marcar sempre nos momentos decisivos: desde que chegou ao Flamengo, em 2019, disputou três finais, nas quais o Flamengo, campeão duas vezes e vice numa ocasião, marcou quatro golos. Adivinhem quem é que marcou todos os quatro golos do Flamengo? Exatamente, Gabriel Barbosa. Goleador, decisivo, polémico, Gabi tem sido a verdadeira personificação do que é ser um goleador na América do Sul, fazendo história na maior competição de todas.
A Copa da Paixão
Se o que faz da Libertadores uma competição única é o seu caráter cultural, claro que não seriam só as equipas e atletas que elevariam a prova. Falar de Libertadores não é falar de Libertadores sem falar nos adeptos e no ambiente que se vive nos estádios. Falar em adeptos sul-americanos é quase que automaticamente associado à paixão descontrolada, energia sem fim, entusiasmo, barulho… Os adeptos deixam as suas vidas em campo tão ou até mais que os atletas! É algo que não dá para explicar em palavras, então talvez quem esteja a ler e que não acompanhe o futebol sul-americano não consiga sequer imaginar do que falo. Por isso, acho que palavras de nada servem para falar sobre esse tema.
Despeço-me, então, com alguns registos do que é uma vibrante e apaixonante noite de Copa Libertadores da América:
A Copa Libertadores da América é sinónimo de história, de conquista, de liberdade, d’expressão, de paixão, d’obsessão — do mais puro e autêntico Futebol. Formada e idealizada sobre um sonho, a prova procura todos os anos os seus novos goleadores, craques, defensores, os seus heróis, que almejam diariamente alcançar a Glória Eterna.
Lucas Lemos
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