A História por Trás do Sucesso
O mérito de Paul Barber, CEO do Brighton, nas mais recentes conquistas do clube.
O verão chegou e os protagonistas descansam. O futebol no seu estado puro passa para segundo plano, as grandes luzes dão vida a outros intérpretes e é aqui que agentes desportivos, analistas e jornalistas ganham força no que à projeção da próxima época diz respeito. Nos clubes, o trabalho silencioso vai sendo feito e só uma coisa se sabe: este ano, todos quererão seguir os passos de Paul Barber, recentemente eleito CEO of the Year pelo Football Business Awards.
O Chief Executive Officer no futebol é o porta-voz e responsável de tudo o que acontece fora das quatro linhas: discute as finanças do clube, avalia o nível de interação com os adeptos e mantém um contacto próximo com as decisões da liga. Está encarregue de garantir que o clube vê reunidas as perfeitas condições para que os objetivos traçados sejam atingidos e que a sua cultura se mantém fiel aos seus fãs.
Paul Barber chegou ao Brighton depois de breves passagens por Londres, como diretor do Tottenham, e Vancouver, onde deu os seus primeiros passos como CEO, à frente dos Vancouver Whitecaps. Em 2012, ano da sua chegada, o Brighton tinha acabado de ser promovido ao Championship e antevia-se uma longa caminhada até ao mais alto palco das competições inglesas. O caminho acabou por se verificar bem mais curto do que se esperava e, em 2016, os adeptos do Brighton viram o seu clube regressar à Premier League 34 anos depois e pela primeira vez no seu novo formato – Paul Barber é tido por muitos como um dos maiores impulsionadores da ascensão dos Seagulls à liga mais competitiva do mundo.
Os primeiros anos do regresso à Premier League revelaram-se difíceis e, entre 2017 e 2021, o Brighton nunca foi além do décimo-quinto posto. Porém, o principal objetivo da manutenção foi sendo cumprido e Paul Barber garantia que tudo estava a ser feito para que, a longo prazo, o clube se tornasse um dos candidatos aos lugares da primeira metade da tabela. No verão de 2021, Ben White rumou ao Arsenal por cerca de 60 milhões de euros e o clube aproveitou este encaixe para trazer Marc Cucurella, Deniz Undav e Enock Mwepu, jovem promessa do RB Salzburgo que mais tarde se retiraria devido a um problema cardíaco. Para além disto, Graham Potter, então treinador do clube, viu ainda regressar de empréstimo Kaoru Mitoma e Moisés Caicedo. O Brighton terminaria essa época no nono lugar, a melhor classificação de sempre do clube na Premier League até à data.
As expectativas eram altas para a temporada que se seguia e nem uma mudança precoce de treinador foi capaz de abalar a estrutura do Brighton. Graham Potter, treinador que vinha a fazer um extraordinário arranque de época rumou ao Chelsea e Roberto De Zerbi, vindo do Shakthar Donetsk, ocupou o seu lugar. Com ele, Mac Allister, Solly March, Mitoma, Moisés Caicedo e Pascal Gross ganharam outra preponderância e transformaram o Brighton numa das mais entusiasmantes equipas da Europa. Bateram-se de igual para igual com todos os candidatos ao título e inclusive levaram de vencidos Manchester United, Arsenal e Liverpool. Pela primeira vez na sua história, o Brighton terminou em sexto lugar e garantiu o acesso às competições europeias.
Quando questionado sobre a chave para os recentes sucessos do clube, Paul Barber não esconde que o planeamento é um dos mais importantes ingredientes para o negócio: tem um ficheiro no seu computador com o nome de todos os possíveis substitutos para pelo menos 25 trabalhadores do Brighton, caso um dia lhes aconteça alguma coisa. Tal como também tinha para o cargo de treinador, quando recebeu uma chamada de Todd Boehly, co-owner do Chelsea, a dizer que queria o Graham Potter. Tal como tinha o japonês Mitoma preparado para suceder a Trossard, quando este se mudou para o Arsenal. E tal como também via Moises Caicedo ser preparado para um dia colmatar uma possível investida por Yves Bissouma.
O modelo do Brighton passa por avançar pelos jogadores no timing certo e pelo preço adequado, reinvestindo continuamente no plantel o dinheiro que vai recebendo. Quando chega a hora de convencê-los a juntarem-se ao clube, Paul Barber explica-lhes que têm ali a oportunidade perfeita para se mostrarem à Premier League e serem mais tarde transferidos para o clube dos seus sonhos.
Intransigente como um CEO deve muitas vezes ser, o inglês recorda a recente novela em torno de Moisés Caicedo para assumir que os interesses do clube estarão sempre no topo das suas prioridades. Podia até ser o melhor timing para o equatoriano, mas se não o era para o Brighton, então o jogador fica.
Paul Barber é hoje uma das referências do futebol no que à gestão dum clube diz respeito e o seu Brighton uma das grandes promessas para as próximas temporadas.
José Maria Pinto
As últimas do projeto:
Os Panenka: Champions e Melhores da Época 22/23 c/ Óscar Botelho.
Modo Carreira: Futuro e Gestão de Expectativas.
Spaces 78: Caso Vinicius e o Fairplay.
Letra e Vírgula:
Damas de Ferro:
Cavadinha: