O país das Cinco Estrelas
A Seleção Brasileira, considerada a maior da história, é a única com cinco conquistas do Campeonato do Mundo. Em busca do “Hexa” desde 2006, o que será do futuro da seleção canarinho?
Mais uma semana, mais uma Cavadinha! E hoje o tema não podia ser outro: em pausa para as seleções, é dia de falar do BRAASIL SIL SIL SIL (quem não souber que referência é esta, não percebe nada de futebol, digo já). Sim! Após ter já falado bastante sobre o futebol brasileiro em si, com suas equipas, competições, etc., é hora de falar sobre a seleção.
“Brasil, um sonho intenso, um raio vívido”
A Seleção Brasileira de Futebol foi formada pela primeira vez em 21 de julho de 1914, fazendo o seu primeiro jogo de sempre contra o Exeter City, de Inglaterra. Não tardou muito para conseguirem o seu primeiro grande título, o Campeonato Sul-Americano1 de 1919, sobre o Uruguai, com o bicampeonato a vir já em 1922. A partir daí, a Seleção Canarinho continuou a crescer, saindo do cenário continental e afirmando-se, também, mundialmente: o Brasil é a única nação a ter participado de todas as edições de um Campeonato do Mundo — desde a primeira, em 1930, até o Mundial de 2022, no Catar — e, com a prova a aproximar-se dos 100 anos de existência, a expetativa é que o “País do Samba” continue a sua dança por muito mais tempo.
Apesar de um começo tímido, com eliminações precoces nos Mundiais de 1930 e 1934, o terceiro lugar conquistado em 1938 demonstrava já que os brasileiros tinham potencial para alcançar a glória máxima do futebol. E que potencial! Com uma medalha de prata em 1950, foi em 1958 que o Brasil, que contava com lendas como Garrincha e Pelé, conquistou o seu primeiro mundial, título que “abriria o apetite” da seleção. Na edição seguinte, em 1962, viria o bicampeonato mundial — feito que, ainda hoje, só os italianos também conseguiram fazer (1934 e 1938) — e, em 1970, o Brasil confirmava-se como um gigante do Futebol Mundial a ser o primeiro país a conquistar o Mundo três vezes.
Alemanha e Itália acompanharam a Seleção Brasileira que, ao se ver “empatado” em títulos com as duas europeias, voltou a isolar-se, em 1994, como primeira seleção quatro vezes campeã mundial. Mas a seleção que encantava o Mundo com o seu verde e amarelo não quis ficar por aí, voltando a final da competição nas duas edições seguintes: em 1998, um vice-campeonato para França, mas, em 2002, o mundo pintou-se com as cores do Brasil pela quinta vez, com o brilho das suas estrelas Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Roberto Carlos, Cafu e vários outros que encantaram a todos com o seu futebol — e, no caso do “R9”, também com o penteado.
O Rei sem Castelo
O Brasil foi o quarto país de sempre a ser campeão mundial pela primeira vez e, como todos já sabemos, foi o primeiro país “tetracampeão” do Mundo, agora “penta” (apesar de não o ter feito seguidamente, ficando pelo bicampeonato. No Brasil nem sempre há esta lógica, ficando-se mesmo pelo número de títulos. Assim, o Brasil é “penta”, Itália e Alemanha, por exemplo, são “tetra” e por aí vai).
Contudo, nem só de glórias viveu o país do futebol.
Um facto curioso é o seguinte: das oito seleções campeãs do Mundo, todas sediaram ao menos uma edição de Mundial e, a jogar em casa, apenas Brasil e Espanha não foram campeões. Segue a enumeração: logo em 1930, o Uruguai conquistou o título em Montevideu; em 1934, Itália campeã em Roma; 1966, Inglaterra campeã em Londres; 1974, Alemanha campeã em Munique; 1978, Argentina campeã em Buenos Aires e, em 1998, França campeã na grande Paris.
Óbvio que jogar em casa não implica, obrigatoriamente, em ser campeão. Até porque partimos do princípio que só oito países foram campeões de uma prova que já foi sediada em 18 países diferentes, implicando logo em vários países que já receberam o torneio sem nunca o ter vencido. Contudo, quando olhamos para as campeãs do mundo, a Argentina, Inglaterra e Uruguai sediaram o torneio uma só vez e foram campeões e Alemanha, França e Itália fizeram-no duas vezes e saíram com uma vitória cada.
Espanha, na edição que sediou (1982), saiu sem o título ao ser eliminada pela campeã da edição, Alemanha. Poderia ser um caso para “aliviar” a situação do Brasil, mas infelizmente não chega. O Brasil não só recebeu a maior prova de sempre por duas vezes e perdeu em ambas, como os dois casos foram derrotas que marcaram a história do país.
Em 1950, um Brasil ainda sem títulos sonhava com a conquista do Mundo, e nada melhor para aumentar o sonho do que jogar em casa, certo? Ainda mais nesse que foi o primeiro Mundial pós-Segunda Guerra Mundial. Assim, o Brasil sentiu de perto pela primeira vez o que era um Campeonato do Mundo, e em campo a equipa correspondia à bancada: na fase dos grupos, estreia com 4-0 sobre o México e 2-0 sobre a Jugoslávia, saindo em primeiro e invicto num grupo que tinha também a Suíça. No Final Four, que na altura se jogava num grupo todos contra todos, um incrível 7-1 sobre a Suécia seguido de 6-1 sobre Espanha deixava o Brasil mais do que favorito a ser Campeão: para tal, bastava o empate com o Uruguai. Assim, num Maracanã com quase 200 mil adeptos ansiosos pelo título, o Brasil saiu a frente no resultado, mas viu o Uruguai fazer uma remontada histórica e levar o título num jogo que ficou conhecido como o Maracanazo, primeiro grande trauma da Canarinho.
Seis décadas mais tarde, em 2014, o Brasil voltou a sediar um Campeonato do Mundo, numa competição considerada das melhores de sempre, na expetativa de superar o trauma de 50. Quem acompanhou a edição já sabe o que aí vem, mas vamos lá: comandada por Neymar, a equipa brasileira classificou-se em primeiro no grupo com a Croácia, o México e Camarões, alcançando as meias-finais da prova após eliminar Chile e Colômbia nos oitavos e quartos, respetivamente. A euforia era cada vez maior. O Brasil aproximava-se de mais uma final após dois fracassos (2006 e 2010) desde o título de 2002. O tão sonhado “Hexa” estava cada vez mais próximo, e poderia ser conquistado em casa! Que Mundial incrível seria! Bem, incrível o foi, só não para o Brasil… na meia-final frente a Alemanha, o histórico e inigualável 7 a 1 sofrido em casa chocou o Mundo e levou a mais um trauma para a Seleção do Brasil.



“E o teu futuro espelha essa grandeza”
A pegar nesse outro verso do hino nacional do Brasil e também na ideia de que “Verás que um filho teu não foge à luta”, já se faz mais do que tempo de deixar de falar das glórias e vexames e virar o nosso olhar para o futuro. Apesar de continuar sem grandes resultados nos Mundiais recentes, o facto é que o Brasil não só consegue sempre o apuramento para a prova, como chega com equipas competitivas e que podem sempre almejar o título.
Para o futuro, como eu já disse, a expetativa é que o Brasil siga sempre em busca de mais títulos, e as gerações mais novas o têm feito. Nos Jogos Olímpicos, competição maioritariamente sub-23, a Canarinho é bicampeã (2016 e 2020). Além disso, os sub-20 são atuais campeões sul-Americanos (2023) e os sub-17 detém não só o título de atuais campeões continentais (2023) como também de atuais campeões do Mundial da categoria (2019). Com Marcos Leonardo (20), Robert Renan (19), Vitor Roque (18), que pode estar a caminho do Barcelona, Endrick (16), já contratado pelo Real Madrid, e várias outras promessas entusiasmantes, o que se espera é que o Brasil continue a ser “O” Brasil.
A juventude já aparece, também, na própria Seleção Principal. Nomes como Gabriel Magalhães (25 anos), Roger Ibañez (24) e Vanderson (21) começam a ganhar o seu espaço nas convocatórias, além de outros mais consolidados como Gabriel Martinelli (22), Bruno Guimarães (25), Lucas Paquetá (25), Éder Militão (25), Rodrygo (21) e, sobretudo, Vinicius Júnior (22), que tem sido um dos grandes jogadores do futebol mundial nos últimos dois anos, aparecem como nomes para o presente e também futuro da seleção brasileira.
Já que falamos do futuro, os novos nomes para o Brasil parecem não ficar apenas para quem veste a “amarelinha”: segundo o ‘GloboEsporte’, Carlo Ancelotti assumirá o comando do Brasil a partir de 2024, num projeto que visa o próximo Mundial, em 2026, e, a depender, também o de 2030.
O que o futuro espera para o Brasil é incerto, mas entusiasmante. O que se sabe mesmo é que, olhem bem, a Seleção Brasileira de que vos falo joga hoje (20/6) em Portugal! Após vencer a Guiné por 4-1 no sábado (17/6), a pentacampeã enfrenta o Senegal em Alvalade, às 20 horas.
Lucas Lemos
As últimas do projeto:
Os Panenka: Champions e Melhores da Época 22/23 c/ Óscar Botelho
Modo Carreira: Futuro e Gestão de Expectativas.
Spaces 78: Caso Vinicius e o Fairplay.
Letra e Vírgula:
Damas de Ferro:
Cavadinha:
(“Campeonato Sul-Americano”) Atual Copa América.