A Supertaça do Mestre Cândido
Nesta quarta-feira, dia 9 de agosto, o confronto entre Benfica e Porto para a Supertaça Cândido de Oliveira marca o arranque oficial da época 2023/24.
O Benfica, já venceu a competição por 8 vezes e esta será a sua 22ª participação, enquanto o FC Porto, que já ganhou a competição 19 vezes, disputa a prova pela 33º vez.
A competição que honra a memória do Mestre Cândido Oliveira, é desde o seu início, uma prova capaz de gerar momentos de rara emoção. Numa fase inicial, jogada a duas mãos, com finalíssimas que chegaram a ser disputadas em Paris, a história da Supertaça ficou marcada por momentos inesquecíveis como o 0x5 com que o FC Porto brindou o Benfica em casa, ou com o 3x0 que fez os leões derrubaram o FC Porto de Robson em Paris, não esquecendo o memorável Benfica 5 x 0 Sporting. Lembrar a história da Supertaça é recordar um domínio avassalador do F.C. Porto na competição, como tão bem o atestam as 19 vitórias em 33 presenças. O grande freguês dos portistas é incontestavelmente o Benfica, que em 26 finais com o FC Porto, conseguiu vencer apenas cinco.
A Taça Império: o antecedente esquecido no regime
Antes da Supertaça, disputava-se a Taça Império, uma competição antecedente que se disputou a 10 de junho de 1944 para celebrar a inauguração do Estádio Nacional do Jamor, esta estreia contou com a presença do Campeão Nacional: Sporting e do vencedor da Taça de Portugal, Benfica. Os leões venceram por 3x2, num ambiente de festa e num estádio que fazia ouvir a vitória do regime com o grito da ordem: «Salazar promete, Salazar cumpre!». De facto, Portugal encontrava-se «orgulhosamente sós» e mantinha-se fora da guerra que devastava a Europa – tinha um Estádio Nacional acabado de ser construído, o povo estava agradecido ao seu líder, leões e águias davam provas de fair-play, e o Sporting levava a Taça. Mas ainda assim, a ideia do campeão nacional e vencedor da Taça disputarem um troféu caía no esquecimento durante longos e longos anos... Durante décadas, a ideia de organizar uma prova que juntasse o vencedor do campeonato e o glorioso da Taça aflorou o pensamento de alguns dirigentes, mas pelos mais diversos motivos, a ideia nunca chegaria sequer a ser discutida.
O tempo passava, mas foi preciso esperar até ao pós 25 de abril – e à semelhança do que acontecia nos principais países da Europa, resolveu-se disputar a Supertaça, já com esse nome, mas ainda sem estatuto oficial. Em 1979, nas Antas, o FC Porto, que tinha sido campeão nacional daquela época, recebeu o vizinho Boavista, vencedor da Taça de Portugal. Perante um estádio à pinha e com uma multidão entusiasmada com o dérbi, o Boavista repetiu o feito de 1961 e bateu o FC Porto na sua própria casa. Um ano depois, o campeão Sporting defrontou o vencedor da Taça de Portugal Benfica, mas desta vez o vencedor seria decidido a duas mãos – a vitória sorriu aos encarnados. O sucesso das duas edições, já com um caráter oficial, levou a FPF a organizar a prova, denominando-a oficialmente de Supertaça Cândido Oliveira, em honra do grande Mestre, jogador, treinador, jornalista e opositor do antigo regime, um dos fundadores do Jornal «A Bola».
Rivalidade entre SL Benfica e FC Porto
O pontapé oficial na prova, foi dado no dia 1 de dezembro de 1981, a partida seria no Estádio da Luz entre águias e dragões, num jogo a duas mãos. O Benfica venceria por 2x0, mas uma semana depois, nas Antas, sofreria uma goleada por 4x1, que valeu ao FC Porto a primeira de muitas vitórias na Supertaça. No ano seguinte, o recorde de goleada seria batido em Alvalade, com os leões a dominarem os guerreiros num jogo que ficou 6x1, dando assim a volta à goleada sofrida na primeira mão no Estádio 1º de Maio, em Braga. Nas quatro edições seguintes, águias e dragões discutiram entre si a vitória, cimentando ainda mais a rivalidade entre as duas equipas. Em quatro anos, o FC Porto venceu por três vezes, perdendo apenas uma única vez com o Benfica em 1985. O FC Porto consolidava o seu papel tanto no panorama nacional como internacional, e as sucessivas conquistas da Supertaça também foram importantes para os dragões que emergiam como uma potência. As constantes vitórias sobre o rival da Luz, não só valiam troféus, mas também mostravam o adensar desta rivalidade.
A balança com os pratos equilibrados
Época nova, é sinónimo de remodelar a casa, e assim foi para a maioria das equipas. O Benfica, com maior pujança financeira, foi mais exuberante no ataque ao mercado de transferências, com as contratações do avançado argentino Ángel Di María que marcou o regresso à Luz; o médio turco Orkun Kokçu e o defesa checo David Jurásek. Os recém-chegados Arthur Cabral (avançado) e Anatoliy Trubin (guarda-redes) ainda não serão opção, ao que tudo indica. O lateral esquerdo terá a difícil tarefa de fazer esquecer o espanhol Álex Grimaldo, que rumou ao Bayer Leverkusen, enquanto Di María e Kokçu podem ser uma mais-valia nas soluções do meio-campo, embora Di María suba mais no terreno. O FC Porto foi mais espartano e a contratação do médio espanhol Nico González apenas pode compensar com a saída do colombiano Matheus Uribe, ainda que o treinador Sérgio Conceição possa contar com mais uma opção ofensiva de relevo, o espanhol Fran Navarro, após duas épocas com brilhantismo no Gil Vicente.
O que está feito, está feito, agora resta apreciarmos um bom jogo de futebol, digno de um verdadeiro espetáculo e se der, com muitos golos, para orgulhar o Mestre Cândido, ele também merece. A 45.ª edição da Supertaça portuguesa de futebol disputa-se na quarta-feira, no Estádio Municipal de Aveiro, com início às 20h45.
Ishan Lacmane
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