A Tuga Não Esquece: Rui Caetano
A Tuga Não Esquece recria a vibe "the streets won’t forget" e relembra vários jogadores icónicos. Desta vez, lembramos o extremo que encantou em Paços de Ferreira.
Corria o ano de 2011 e frequentava o último ano do ensino primário, época em que o futebol começava a entrar na minha vida. Numa família onde o desporto-rei tem pouco ou nenhum impacto, sempre fui a única cá em casa a deixar-se emocionar pelos jogos na televisão. Por isso, quando quiseram oferecer ao meu irmão a caderneta de cromos da temporada 2011/2012 da Liga Portuguesa, acabou por ser a mim a quem aquele monte de papel tão colorido despertou maior interesse. Apesar de tudo, e como egoístas às vezes que são as crianças, ele nunca me deixava brincar com ela, colando até os cromos repetidos na parede só para não ter de mos dar.
Um desses cromos era o de Rui Caetano, que se preparava para iniciar a sua segunda época ao serviço do Paços de Ferreira. Ainda antes disso, tinha ocupado o verão a representar a seleção no Mundial Sub-20 na Colômbia onde, na frustrante final entre Brasil e Portugal, entrou aos 82 minutos, exibindo o número 11 nas costas, e esteve perto de marcar o golo da vitória.
Na Capital do Móvel, foi ganhando destaque com Rui Vitória, treinador que levou o Paços de Ferreira à final da Taça da Liga de 2010/2011 - a qual perderam por 2-1 diante do SL Benfica depois de ter eliminado Leixões e Nacional e de ter ficado em primeiro do grupo com 9 pontos. Carregando o fardo de ser eterna promessa do futebol português, somava mais de 100 jogos na primeira divisão com apenas 23 anos, representando os Pacenses na qualificação para a UEFA Champions League e na fase de grupos da UEFA Europa League. De drible rápido e visão de jogo apurada, era capaz de criar jogadas perigosas que deixavam qualquer defesa perdido.
Tudo parecia apontar para voos mais altos. No entanto, acabou por tratar-se de coisa efémera.
Seguiu-se Gil Vicente, com o qual desceria de divisão, CD Aves, FC Penafiel e Varzim. Com tão só 29 anos, decidiu tomar a decisão mais difícil da sua carreira: pendurar as botas. Diante do Penafiel, clube da família, teve a sua última dança. Apontou um golo e, visivelmente emocionado, não conseguiu conter as lágrimas no final da partida, agradecendo por tudo aquilo que viveu enquanto profissional.
“Sou eternamente grato ao futebol, acho que foi a melhor licenciatura que eu podia ter tirado. Estou grato e muito orgulhoso da minha carreira, agora vou começar a construir uma nova.”
A Tuga (certamente) Não Esquece Rui Caetano, um verdadeiro #SagresMen.
Matilde Pinhol
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