Cavadinha Express: Bruno Lage, Libertadores e Arbitragem
Oitavos das provas Continentais, mudanças de treinador, escândalos de arbitragem… Julho começou e o Futebol Brasileiro está ao rubro com a segunda metade da temporada já à porta.
Mais uma semana, mais uma Cavadinha! Hoje, com o começo de julho e a loucura que essa altura do ano representa no futebol, não havia como escolher só um tema para falar. Assim, apresento um novo formato, mais informativo e geral, englobando alguns dos acontecimentos do futebol brasileiro dos últimos dias — como se fosse uma Cavadinha “express”.
Hoje falamos do sorteio dos Oitavos da Libertadores, das polémicas ligadas à arbitragem e, também, da chegada de Bruno Lage num Botafogo cada vez mais líder.
Os 16 eternos
Com a fase de grupos a dar-se por concluída, a CONMEBOL sorteou os confrontos dos oitavos de final da Libertadores, assim como o caminho que levará às seguintes fases. Dessa forma, as equipas e adeptos sabem já todos os possíveis confrontos que terão de superar para alcançar a grande final e, quem sabe, alcançar a tão sonhada Glória Eterna.
Os confrontos saíram, então, assim:
Atlético Nacional-COL vs Racing-ARG
Nacional-URU vs Boca Juniors-ARG
Dep. Pereira-COL vs Ind. Del Valle-EQU
Atlético MG-BRA vs Palmeiras-BRA
🏆
Bolívar-BOL vs Athletico PR-BRA
River Plate-ARG vs Internacional-BRA
Argentinos Jrs-ARG vs Fluminense-BRA
Flamengo-BRA vs Olimpia-PAR
Quando chegamos a um sorteio em que 11 das 16 equipas foram já campeãs da Libertadores e, das outras cinco, três foram já vice-campeões, é quase impossível fugir a um grande confronto histórico. Curiosamente, quatro das equipas sem título se enfrentam: Pereira defronta o Del Valle e Bolívar apanha o Paranaense, sendo o Fluminense a única a enfrentar uma equipa já campeã. Assim, cinco dos oito duelos põe frente a frente duas equipas já consagradas com a conquista máxima do futebol Sul-Americano, reforçando o peso dessas oitavas.
Ao somar as 16 equipas, temos 29 títulos de Libertadores “em jogo”, simbolizando 46% dos títulos já conquistados. Destaque para Nacional - Boca Jrs, que juntos conquistaram nove edições. A nível técnico, o grande confronto desses oitavos é Atlético MG - Palmeiras, que põe a potência comandada por Abel Ferreira frente ao Atlético de Hulk e Scolari. Por fim, a hipótese de um Flamengo-Fluminense nos quartos também anima bastante os adeptos, assim como um eventual Racing-Boca.
Pane no Sistema
Não é novidade para ninguém que arbitragem é um tema delicado, uma vez que não podem errar. No futebol brasileiro, com toda a paixão e pressão que este representa nacionalmente, a pressão e as polémicas ficam muito piores. Tudo isso, somado a uma arbitragem que realmente não é das melhores, torna a situação no Brasil um verdadeiro furacão de reclamações por parte de todas as equipas e em todos os jogos.
Muitas vezes, antes mesmo do jogo os adeptos ficam “à espera” de que o árbitro x ou y, pelo histórico de erros cometidos, vá “roubar” a sua equipa e, consequentemente, dar a vitória ao adversário. Tornou-se um fenómeno incontrolável, onde a arbitragem surge sempre como uma justificação para os resultados. Se uma equipa ganha, é porque é favorecida pelos árbitros e “está tudo comprado”; se perde, é porque eram claramente a melhor equipa em jogo, mas foram altamente prejudicados. É sempre assim. Todas as equipas. Todos os jogos.
A situação chega a um nível mais alto quando esse ambiente de reclamações constantes sai do espectro dos adeptos e passa a ser rotineiro por parte dos próprios atletas e treinadores. Hulk, por exemplo, é uma personagem que está sempre a reclamar das arbitragens, ganhando até a fama de “chato” e “chorão”.
Mas, quem chamou a atenção ultimamente foi o Palmeiras. Apesar de ser também comum Abel Ferreira tecer duros comentários sobre a arbitragem e o futebol brasileiro, foi o adjunto João Martins que “se atirou” à arbitragem, acusando os árbitros e ao Sistema do Futebol Nacional de não deixar «os melhores ganhar», chegando a referir que é por situações assim que o futebol brasileiro não é valorizado: «por isso é que na Europa não se vê jogos do Brasil, porque muitas vezes parece mais teatro do que futebol […]. Só no Brasil é que acontece. E não é por acaso que este futebol lá fora tem pouca credibilidade», foram algumas palavras do treinador adjunto do “Verdão”.
A CBF não gostou nada dos comentários do treinador, emitindo uma nota oficial em que classifica a situação como «um ato lamentável, foi muito além das reclamações semanais da arbitragem. O que ocorreu, de fato, foi um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa». Segue um trecho da nota:
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente o que se viu ontem (02/07) por parte do auxiliar técnico do Palmeiras, João Martins, designado para a entrevista coletiva pós jogo. O ato lamentável foi muito além das reclamações semanais da arbitragem. O que ocorreu, de fato, foi um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa, mostrando inclusive desconhecimento do próprio campeonato que disputa, que já teve tricampeões, bicampeões, com vários times ganhando seguidamente.
O comportamento do jogador brasileiro, que o funcionário em questão tanto critica, não corresponde à realidade, na medida em que o Brasil é o país do mundo que mais tem jogadores atuando no exterior, inclusive na própria seleção portuguesa.
A situação está longe de ser resolvida, visto que a postura do Palmeiras gerou desconforto nos adeptos e até mesmo em alguns dirigentes de outras equipas, aumentando qualquer tipo de reclamação que já havia em questões de arbitragem e alimentando cada vez mais esse círculo vicioso. O penálti não assinalado ao Flamengo no embate frente ao próprio Palmeiras dia 8/7, por exemplo, revoltou os adeptos do Flamengo e de rivais do Palmeiras, que afirmam que o “choro” resultou.
Churrasco na “Lage”
Após a inesperada saída de Luis Castro do Botafogo, líder isolado do Brasileirão e cada vez mais perto do título brasileiro após 28 anos de espera, para assumir o Al-Nassr de Cristiano Ronaldo, quem iria assumir o projeto do “Fogão” era uma dúvida que inquietava os adeptos.
Após várias especulações, tudo chegou ao fim quando o clube carioca anunciou Bruno Lage, ex-Benfica e Wolverhampton, como o seu novo treinador. O campeão da Liga Portugal em 2018/19 e da Supertaça de 2019/20 é esperado no Rio de Janeiro nesta semana para assinar e assumir de vez a equipa sensação do Brasil e leva consigo membros da sua equipa de trabalho como Alexandre Silva (treinador adjunto), Carlos Cachada (treinador adjunto), Luís Nascimento (treinador adjunto), Jhony Conceição (analista) e Diogo Camacho (analista).
Será apenas a terceira equipa do treinador de 47 anos que, apesar de ter no seu currículo grandes desafios, terá pela frente um verdadeiro teste. Como se não bastasse o Brasil ser um autêntico destruidor de treinadores, a situação única do Botafogo faz desta uma experiência em igual. Terá de assumir uma equipa há muito “ignorada”, mas que, “do nada”, explodiu e apresenta-se como melhor equipa de um dos campeonatos mais difíceis de sempre, fazendo frente a Palmeiras e Flamengo, entre outras. Além disso, sendo uma equipa que não ganha nada expressivo há décadas, as expectativas são ainda maiores, e a pressão de manter o trabalho excecional de Luis Castro pode sacramentar o ambiente “sufocante” que Lage terá pela frente.
Seguirá com a fórmula de Castro, que tem resultado? Tentará mudar as coisas e arriscar deitar tudo a perder? Assumir uma equipa que leva 10 pontos de vantagem e 85% de aproveitamento, números que podem levar o clube a alcançar até a melhor primeira volta da história do Brasileirão, leva Lage a uma situação em que não garantir o título pode deixar uma nódoa negra para sempre na sua carreira.
Segunda volta do Brasileirão, fase final da Libertadores e da Copa do Brasil, mudança de treinadores, também muitas negociações a ocorrer neste início de janela de transferências… Julho está apenas a começar e o futebol brasileiro reserva ainda muitas emoções!
Lucas Lemos
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