Cavadinha Express: São Paulo Campeão e Competições Continentais
O São Paulo conquistou a Copa do Brasil de forma inédita. De olho também nas provas da CONMEBOL, cinco brasileiros estão na disputa por um dos dois troféus mais importantes do América do Sul.
Numa semana bastante movimentada, o futebol brasileiro presenciou o São Paulo ser campeão da Copa do Brasil pela primeira vez — quebrando o maior “tabu” da sua história e dando fim a “seca” de títulos que viveu ao longo de mais de uma década — ao vencer o Flamengo na soma dos resultados. Assim, Lucas Moura, Rafinha, Calleri e cia escreveram o seu nome nas “páginas” do clube e do Futebol Brasileiro após esta histórica conquista.
A nível continental, as maiores provas do continente regressaram com as respetivas meias-finais, nas quais constam cinco emblemas brasileiros (Palmeiras, Fluminense e Internacional na Libertadores; Corinthians e Fortaleza na Sul-Americana). A Glória Eterna e a Grande Conquista estão mais perto do que nunca!
Acabou a piada: o São Paulo é Campeão da Copa do Brasil
Parte da magia do Futebol são as suas rivalidades: embates épicos entre equipas que dão tudo para superar uma a outra dentro e fora das quatro linhas. Dentre o que se passa fora das quatro linhas estão as provocações. Todos os clubes têm algum “ponto fraco” — e, no caso do São Paulo, era nunca ter conquistado a Copa do Brasil. Foram anos e anos, foram décadas a ser provocados pelos seus rivais por, apesar de ter conquistado tantos outros títulos, nunca ter levantado a taça nacional que faz parte da coleção de tantos outros gigantes do Brasil.
Contudo, uma hora tudo chega ao fim, e 2023 tem se revelado um grande ano para dar fim a “tabus”: com o Manchester City, na Europa, a conseguir a inédita Liga dos Campeões, no Brasil, o Botafogo está próximo de conquistar o Brasileirão após 28 anos e o São Paulo, finalmente, conseguiu a tão aguardada Copa do Brasil, para a festa dos adeptos e dos jogadores.
A equipa, comandada inicialmente por Rogério Ceni e, desde abril, por Dorival Júnior, conseguiu então o feito que nem a melhor das gerações deste São Paulo Futebol Clube conseguiram, nem mesmo o “Esquadrão Imortal” de 2005/06 — a contar Amoroso, Aloísio “Chulapa”, Diego Lugano, Cicinho e outros craques, o São Paulo foi campeão da Libertadores, do Mundial de Clubes e do Brasileirão neste intervalo de dois anos, mas não da Copa do Brasil.
Vamos, então, à campanha deste título histórico: tendo começado a participação nos 16 avos de final, o Tricolor Paulista superou Ituano (agg. 1-0), Sport Recife (agg. 3-3; 5-3 nos penáltis), Palmeiras (agg. 3-1) e Corinthians (agg. 3-2), respetivamente, até chegar à final frente ao Flamengo, defensores do título de 2022. Independentemente do que poderia acontecer nesta final, a campanha por si só era já louvável, tendo superado o “Verdão” de Abel Ferreira, sempre um dos grandes favoritos a ganhar todos os títulos, e o “Timão”, finalista da edição anterior, dois dos maiores rivais da história do São Paulo.
E, como se isto não chegasse, entre o São Paulo e o título inédito estava ainda o Flamengo que, independentemente do momento que vive, não deixa de ter o mais valioso e estrelado plantel da América do Sul, com craques que podem decidir jogos numa única oportunidade e que levam no seu currículo recente vários títulos, incluindo a Copa do Brasil 2022. A missão claramente não seria fácil.
Porém, numa final jogada a duas mãos, a vitória por 1-0 no Maracanã deixou os paulistas confiantes para a conquista do título inédito, sobretudo com jogo decisivo a ser disputado em casa. Precisando apenas de segurar a vantagem, o São Paulo viu Rodrigo Nestor marcar um autêntico golaço e deixar o jogo no Estádio do Morumbi em 1-1, resultado que terminou coroando o Tricolor como campeão da Copa do Brasil pela primeira vez na sua história, dando fim à icónica “piada” e levando os adeptos ao êxtase após 11 anos sem um título de expressão.
“Todos contra Boca, Boca contra todos”
É esta a realidade do Boca Juniors nas meias-finais da Libertadores. A ter pela frente um dificílimo duelo frente ao Palmeiras, os argentinos veem, ainda, Fluminense e Internacional protagonizarem um duelo nacional em busca da vaga na final, sendo a única equipa de fora do Brasil deste Final Four.
As equipas brasileiras têm vivido anos de ouro nas competições continentais, sobretudo na Libertadores — das últimas seis edições, apenas uma não foi conquistada por uma equipa brasileira (2018, com o River Plate), com as últimas quatro a terem sido repartidas ente Flamengo (2019 e 2022) e Palmeiras (2020 e 2021) —, e a situação em 2023 não tem sido muito diferente, como se pode constatar pelos “75% de chance” do título seguir, outra vez, para o Brasil. Apesar disso, temos quatro histórias bem diferentes nestas meias-finais:
Primeiro, o tradicional Boca, segundo maior campeão da história da Libertadores e que pode, com o título, não só travar esta sequência de título brasileiros, mas também igualar o Independiente como maior vencedor da prova. Sem um título continental há 16 anos, o já apaixonante Boca está com mais gana do que nunca; Pela sua frente está o Palmeiras, “bicho-papão” dos últimos anos, que busca o seu terceiro título em quatro anos e que o pode conferir o feito de clube do Brasil com mais conquistas da Libertadores — visto que está empatado com Flamengo, Grêmio, Santos e São Paulo. A conquista do “tetra” seria a grande afirmação da “hegemonia” do Palmeiras nos últimos anos, ficando à frente do Flamengo nesta “disputa” recente;


Se de um lado da chave estão nove títulos, a situação do outro é bastante diferente. O Internacional conta com dois títulos, conquistados numa era dourada (2006–2011), mas a verdade é que, desde 2010, disputou apenas sete (2011 e ‘12; 2015; 2019, ‘20 e ‘21; 2023) das 13 edições disputadas, participações essas que acabaram maioritariamente nos oitavos de final — em ‘19 o Inter caiu nos quartos, com 2015 e 2023 as únicas vezes em que chegou às meias. Em ‘15 saiu derrotado, mas será que fará diferente este ano?; enfrentando o Inter está o Fluminense, equipa menos tradicional das quatro: com apenas nove participações em Libertadores na história, o “Flu” só passou dos quartos numa outra ocasião — 2008, ano em que foi finalista vencido —. Assim, o Tricolor Carioca, comandado pelo treinador “sensação” Fernando Diniz, faz a sua segunda melhor participação de sempre, sonhando mais que tudo superar o trauma de 2008 e conquistar a inédita e tão ambicionada Glória Eterna.
Dessa forma, o “fim” da hegemonia brasileira através do Boca, a confirmação do “Super” Palmeiras, o ressurgimento do Internacional ou a ascensão do Fluminense são os quatro cenários possíveis para esta edição da CONMEBOL Libertadores 2023.
Os primeiros jogos desta meia-final foram já disputados, mas deixam tudo em aberto, com empates em ambas as decisões: Boca 0-0 Palmeiras e Fluminense 2-2 Inter. Os finalistas serão então conhecidos entre os dias 4 e 5 de outubro (em Portugal em função do horário, 5 e 6/10), com a grande decisão agendada para o dia 4 de novembro, no grande Maracanã.
CONMEBOL Sul-Americana: Quatro equipas, uma Grande Conquista


Falando nas competições continentais, não se pode esquecer de falar também na Sul-Americana. A contar também com um duelo entre equipas do Brasil (Corinthians - Fortaleza), a segunda maior competição da América do Sul colocará o finalista brasileiro frente aos argentino do Defensa y Justicia ou aos equatorianos da LDU.
Falando nas equipas brasileiras, o “Timão” chegou à Sul-Americana após ser eliminado na Fase de Grupos da Libertadores por Independiente del Valle e Argentinos Juniors. Começando a sua participação, superou Universitario-PER nos play-offs, Newell’s Old Boys-ARG nos oitavos e Estudiantes-ARG nos quartos, tendo agora pela frente o Fortaleza. O clube paulista tem oito participações na competição continental, lutando por esta que seria uma conquista inédita — a melhor campanha foi a meia-final de 2019 e, agora, de 2023.
O “Leão de Pici”, por sua vez, participou da prova desde o início (apesar de ter sido eliminado nas fases preliminares da Libertadores), liderando o grupo H contra San Lorenzo-ARG, Palestino-CHI e Est. de Mérida-VEN. Nas eliminatórias, superou o Libertad-PAR nos oitavos e o América Mineiro nos quartos, chegando às meias contra o Corinthians. O Fortaleza está apenas na sua quarta participação continental de sempre (duas na Libertadores e duas na Sul-Americana), tendo sido eliminado logo na primeira fase em 2020, com a atual a ser a sua melhor campanha de sempre.
Se o duelo brasileiro põe frente a frente duas equipas que buscam uma conquista inédita, a outra meia-final apresenta duas equipas que já conheceram o que é conquistar a Sul-Americana, com a LDU a ter vencido a prova em 2009 (tendo também sido vice em 2011 e alcançado as meias em duas outras ocasiões) e o Defensa y Justicia em 2020 (na única ocasião em que passou dos quartos da competição).
A primeira mão das meias foram já disputadas, com Corinthians e Fortaleza a empatarem por uma bola (1-1) em São Paulo, enquanto a LDU conseguiu uma ótima vitória por 3-0 frente ao Defensa y Justicia em Quito.
Os jogos decisivos jogam-se a 3 e 4/10, com a final da prova marcada para o Estádio Domingo Burgueño, no Uruguai, no dia 28 de outubro.
Lucas Lemos
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