A final da Champions League marca, por norma, a bandeira axadrezada da temporada desportiva, com respetivos jogadores a embarcarem rumo às merecidas férias, tendo em vista um descanso de algumas semanas antes de retornarem para o início da época. Este ano não. Este ano, para mais de 620 jogadores do continente europeu, a história será diferente. Chegou o Europeu 2024, disputado na Alemanha.
Sejam bem-vindos à mais recente Newsletter do 78, de nome “Direção Berlim”. Esta Newsletter estará disponível a cada dois dias, durante todo o Europeu, onde eu, João Pinto, irei, inicialmente, abordar os grupos da competição, os jogadores chaves de cada seleção e, assim que comece o torneio, irei trazer-vos todas as análises sobre os jogos que foram disputados, da fase de grupos à grande final, na Olympiastadion Berlim.
De hoje, dia 8 de junho, até ao longínquo 14 de julho, será a minha missão saciar-vos toda a vontade de conhecimento e análise sobre este Europeu, que promete, e muito. Venham daí que durante todo o Europeu o 78 trará diariamente diversos artigos em todas as redes sociais sobre a maior competição de seleções na Europa.
No 78, conteúdos do Europeu não te irão faltar. No Instagram e Tiktok, decorrem análises sobre todas as seleções participantes, olhando não só para a vertente histórica, mas também analisando como se encontram atualmente estas seleções. Nesta Newsletter, complementaremos com a vertente tática, e muitos outros dados curiosos sobre todos estes países que sonham com a conquista do maior troféu de seleções na Europa.
GRUPO A
Alemanha
O nosso caminho começa na fase de grupos, em concreto no grupo A, constituído pela organizadora do torneio, a “Mannschaft” de Julian Nagelsmann, clara favorita, que irá medir forças com a Suiça, que procura novamente os quartos-de-final atingidos no último europeu, a Hungria, que chega ao terceiro europeu consecutivo após uma ausência de 44 anos, e a Escócia, que procura a qualificação para a fase a eliminar da competição, algo nunca antes conseguido.
Gerd Müller, Karl-Heinz Rummenigge e mais recentemente Jurgen Klinsmann. Três gerações, três conquistas do Europeu. A Alemanha de Nagelsmann procura agora a glória que não sorri aos alemães há 28 anos. A convocatória foi repleta de surpresas, com o jovem técnico a deixar jogadores como Mats Hummels (pilar no Dortmund), Julian Brandt, Karim Adeyemi, Leon Goretzka e Timo Werner de fora das escolhas, privilegiando as épocas dos jogadores representantes de clubes como Estugarda e Bayer Leverkusen, que apontaram épocas dignas de registo (oito jogadores destes clubes integram a convocatória, no total).
A nova geração de Nagelsmann vem, sem nunca ofuscar o passado recente alemão, trazer um novo rumo à seleção, e a prova disso será a despedida que todos teremos de fazer no final deste Europeu a Toni Kroos, a elegância em pessoa, que se despede dos relvados numa altura onde o seu futebol conseguiria continuar a perfumar os estádios mais imponentes do velho continente durante mais dois ou três anos sem qualquer inconveniência. Sabe sair pela porta grande, sem diminuir o nível a que nos habituou, e mais importante, com troféus. Se a Alemanha chegar longe, jogando em casa, Kroos é um dos candidatos à Bola de Ouro.
Suíça
Assumindo a normalidade esperada, a disputa será pelo segundo lugar do grupo. Após uma qualificação onde apenas perdeu por uma ocasião, a Suiça empatou cinco dos dez jogos realizados, finalizando o respetivo grupo no segundo lugar, atrás da seleção da Roménia. Com nomes como Manuel Akanji, Yann Sommer e Granit Xhaka, os helvéticos são apontados como os principais favoritos à passagem à fase seguinte. Esperam conseguir repetir o feito de 2021 quando afastaram a França nos oitavos-de-final do Europeu, tombando apenas para a Espanha, nas grandes penalidades.
Hungria
44 anos de pausa foi o suficiente para a Hungria tomar o gosto da presença nos Europeus de Futebol. Longe da glória dos anos 50 (medalha de ouro nos Jogos Olímpicos e vice-campeões do mundo), a memória de Ferenc Puskas vive presente em cada húngaro. O futebol desenvolveu-se num país que viveu a influência soviética de perto até à queda do muro de Berlim, e com Marco Rossi, selecionador no comando desde 2018, a Hungria voltou aos grandes palcos. Dominik Szoboszlai é a estrela de uma companhia onde Kevin Csoboth e Milos Kerkez (grande época de estreia ao serviço do Bournemouth) prometem surpreender muitos adeptos.
Escócia
Lukaku, Cristiano Ronaldo, Mbappé, Harry Kane e…Scott McTominay. Estes foram os cinco jogadores com mais golos na fase de qualificação do Europeu 2024. A Escócia, tal como a Hungria, vive atualmente uma fase dourada, e procura reescrever as páginas da história com uma inédita qualificação para a fase a eliminar do Europeu. Steve Clarke assumiu as rédeas dos escoceses em 2020 e nunca mais olhou para trás, conquistando já duas qualificações para europeus seguidas, apostando num futebol com cinco defesas, onde Tierney (central do lado esquerdo) e Andy Robertson desempenham papéis fulcrais. Scott McTominay desenvolveu ao longo das últimas duas edições da Premier League uma relação com a baliza, e chega ao Europeu depois de uma época em Old Trafford onde fez balançar as redes por doze ocasiões, é a esperança da equipa.
GRUPO B
Qualquer entusiasta do futebol gosta dos jogos grandes, onde duas seleções/clubes equiparados, cada um com as suas estrelas, deixam tudo em campo na procura de seguir em frente na competição. Pois bem, sejam bem-vindos ao “grupo da morte”, o Grupo B do Europeu, onde Espanha, Itália, Croácia e Albânia disputam a passagem à próxima fase do torneio.
Itália
Começamos pela campeã em título, a Itália de Luciano Spalletti, obreiro do inédito título de campeão do Napoli em 2022/23. Mas, se após um ano de sonho, o treinador optou por ingressar na “Squadra Azzurra”, este Europeu pode ser um choque com a realidade que a seleção italiana vive. Após uma qualificação onde a igualdade pontual com a Ucrânia no segundo lugar do grupo levantou algumas desconfianças, os escândalos que viram Spalletti perder jogadores como Sandro Tonali só vieram piorar a sensação. Longe vão as memórias de jogadores como Filippo Inzaghi, Luca Toni ou até Del Piero (apenas enumerando os mais recentes), a seleção italiana vive uma dificuldade imensa na procura do ponta de lança perfeito, com Spalletti a testar inúmeros jogadores na posição desde que assumiu o cargo. O caminho não se adivinha fácil, e a Itália pode não conseguir a passagem aos oitavos-de-final da competição.
Espanha
A saída de Luís Enrique após o Mundial 2022 foi algo surpresa. Espanha caiu nos oitavos-de-final contra Marrocos, e viu uma já esperada campanha longe do que foi feito em 2010 tornar-se realidade. Com Luis de La Fuente, a estrutura mantém-se, com algumas adições para colmatar fraquezas evidentes na última prova oficial. É certo que Xavi, Iniesta e Busquets (para não referir todo o caudal que existia no miolo espanhol após a conquista do Euro 2008) são peças impossíveis de repor, mas o meio campo continua a ser a principal arma dos espanhóis, tendo em Rodri a principal arma para chegar às fases mais adiantadas da competição. Lamine Yamal tem-se mostrado como solução, e fará provavelmente a estreia no Europeu, sendo assim o jogador mais jovem de sempre a participar na competição. Defensivamente, “La Roja” não vive os melhores dias. A escassa escolha defensiva leva a que Aymeric Laporte e Le Normand sejam os titulares esperados desta seleção à chegada do Europeu, depois de Pau Cubarsí ter sido cortado da lista final de De La Fuente. As expectativas não alcançam níveis de euforia, mas espera-se uma campanha sólida.
Croácia
A idade é um posto, e que o diga Luka Modric. Após renovação de contrato com o Real Madrid, o lendário médio croata chega ao Europeu com mais uma Champions League no bolso, e a vontade de conseguir fazer o que esta seleção tem estado tão perto de fazer: vencer uma competição. Após duas finais perdidas (Mundial 2018 e Liga das Nações 2022/23) e um terceiro lugar (Mundial 2022), esta será, muito provavelmente, a última oportunidade que esta geração de ouro croata tem de conseguir a tão ambicionada medalha de campeão. Liderados por Zlatko Dalic, revolucionário treinador para esta seleção, os croatas contam com a experiência de Modric, Kovacic, Perisic e Brozovic contraste com a irreverência de Gvardiol, Stanisic e Pasalic.
Albânia
Nem tudo no futebol são rosas, e por isso mesmo chegamos àquela que é, sem dúvida, a seleção “menos favorita” deste grupo. Liderados por Sylvinho, vencedor de duas Ligas dos Campeões, a Albânia não tem a vida facilitada, não querendo, no entanto, deixar de sonhar. Sofrendo apenas quatro golos durante toda a qualificação, os albaneses foram líderes de um grupo composto pela Polónia, Chéquia, Moldávia e Ilhas Faroé. Reescrevendo a história após um ano tenebroso de 2022 (uma vitória apenas), a seleção vê em jogadores como Armando Broja, Elseid Hysaj, Kristjan Asllani e Rey Manaj a sua principal esperança naquele que será certamente o grupo mais difícil que poderiam esperar.
Na esperança de surpresas e emoção, estão apresentados os dois primeiros grupos do Europeu. Nos próximos dias, surgirão as análises aos próximos grupos, portanto não percam!
João Pinto
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