Pontapé de saída
A época desportiva nacional arrancou, como sempre, com a Supertaça Cândido Oliveira.
O vencedor do Campeonato e da Taça de Portugal ofereceram-nos um clássico no municipal de Aveiro, logo para apimentar a temporada 2023/2024.
Benfica e Porto chegavam ao encontro de formas diferentes, as águias como campeãs nacionais, já com múltiplas contratações milionárias feitas, entre elas o regresso da lenda internacional e do clube Angel Di Maria, mas também com a perda para o PSG do melhor marcador da equipa dois dias antes – Gonçalo Ramos. Já os dragões, a correr atrás do prejuízo, apresentavam as duas contratações feitas até ao momento no banco, Fran Navarro e Nico Gonzalez, após terem perdido um dos craques da equipa, Matheus Uribe. E como substituir o colombiano não é pera doce, para além do espanhol, Romário Baró foi recuperado depois de na época anterior ter estado emprestado ao Casa Pia, estando também a caminho Alan Varela, médio do Boca Juniores.
Do lado benfiquista, sem dúvida que a perda do ponta de lança português para os parisienses foi um golpe duro, ainda por cima a dois dias do primeiro troféu da época, algo que deu para perceber pela ausência de um avançado mais fixo para o substituir como poderia ter sido Musa. Schmidt optou por entrar com Rafa Silva na frente de ataque, que, mesmo sendo um dos jogadores mais rápidos em campo, não tem o poderio físico requisitado para estar constantemente a encontrar Pepe e Marcano pelas costas. Kokçu, médio turco ex-Feyenoord foi também opção inicial, tendo deixado boa indicações para o resto da época. Por outro lado, o FC Porto, não apresentava qualquer tipo de novidades em relação a 2022/23. Na falta de Uribe, Grujic e Eustáquio assumiram o meio-campo, algo que já tinha acontecido, assim como o recuo de Pêpê para a lateral devido à apenas recente recuperação de João Mário. Danny Loader, assim como no início da época anterior foi o preferido para fazer dupla com Taremi na frente de ataque, em parte devido à lesão de Evanilson.
Como já nos habituou, principalmente em clássicos, o FC Porto entrou muito forte e pressionante, algo que culminou na primeira grande ocasião de golo, aos 10 segundos pelos pés de Galeno. O brasileiro tem vindo a melhorar consideravelmente a sua definição, ainda que neste jogo não o tenha demonstrado da melhor forma. A posse de bola, a superioridade e as oportunidades de golo continuavam do lado portista, com múltiplas oportunidades para abrir o marcador e, quem sabe, ir para intervalo com uma vantagem mais dilatada. Acabava a 1ª parte, 0-0 no marcador e 4-3 em amarelos...
No segundo tempo a história do jogo foi diferente, a nova aquisição Jurasek e o ponta Musa entraram para o lugar de Ristic e João Mário (ambos amarelados) logo ao intervalo, o que influenciou bastante a forma de jogar do Benfica. Passou a existir uma referência no ataque e Rafa pode ir para a ala, o que dificultou de forma considerável o trabalho da defesa portista. Aos 60 minutos, já com mais 3 amarelos distribuídos, o Benfica chegou ao primeiro golo através de Di Maria. Pressão alta eficaz, Kokçu recuperou a bola no meio-campo do Porto e com a linha defensiva desorganizada, a bola chega a Di Maria já perto da grande área e num 1 vs 1 fez o golo, lance no qual Diogo Costa fica bastante mal na fotografia com a bola a passar-lhe por cima do braço. Quatro minutos após o golo, Sérgio Conceição faz entrar em campo Romário Baró e Toni Martinez, substituições que acabaram por perder o impacto pretendido já que três minutos depois o Benfica chega ao segundo após assistência de Rafa para Musa.
Após o 2-0, o treinador dos dragões ainda tentou mexer com o jogo com a entrada de João Mário, possibilitando a subida de Pêpê e, mais tarde, a entrada de Gonçalo Borges (muito desequilibrador nos poucos minutos que fez) e Fran Navarro (sem muitas oportunidades para se mostrar). O jogo acaba da forma que menos se queria, com expulsões. Pepe ainda dentro dos 90 minutos atinge Jurasek com o joelho por baixo das costas e Conceição já na compensação é expulso por Luis Godinho por reclamações intempestivas.
Embora não queira que o foco seja redirecionado, é importante falar sobre a arbitragem neste jogo. Felizmente não houve lances capitais onde se possa dizer que influenciou o resultado final, talvez apenas na possível expulsão de João Neves, mas essa nem é a situação em análise. O descontrolo em que Luis Godinho transforma o jogo ao começar a distribuir cartões desde o início do jogo retirou muita da intensidade e agressividade (positiva) a que estamos habituados a ver nos clássicos. Acabar a 1ª parte com 7 cartões amarelos, dar mais 5 na 2ª e não ser capaz de manter um critério único durante o jogo é tudo o que a arbitragem em Portugal tem de pior. Esta falta de coerência faz com que em momentos em que o 2º amarelo é necessário, os árbitros não tenham a coragem de o dar para não manchar o jogo, esquecendo-se que já o fizeram ao dar o primeiro, muitos em situações em que não se justificavam. Para além de tudo isto, um árbitro que, ao ver um treinador recusar-se a sair do campo vai pedir ao capitão para ir falar com o treinador é um árbitro fraco, sem pulso e que prejudica o respeito que os jogadores devem ter pela autoridade em campo. O futebol praticado por ambas as equipas foi positivo, cada uma com os seus melhores momentos ao longo da partida, por outro lado a equipa de arbitragem teve um desempenho constante nos 90 minutos…
O Benfica levou assim o primeiro troféu nacional para o museu, aumentando para 9 as Supertaças conquistadas na sua história. Tanto o Benfica como o FC Porto apresentaram qualidade individual e coletiva em vários momentos do jogo, algo que deixa os adeptos portugueses, certamente, com água na boca para o desenrolar da temporada, num campeonato que se espera com luta acesa pelo campeonato nacional.
Está dado o pontapé de saída!
Miguel Rocha
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