'Stop Crying Your Heart Out': os play-offs da UEFA Champions League
Benfica a vencer fora de casa, Real Madrid a mostrar o porquê de ser o maior clube da história da competição, Sporting a perder em casa e Dembelé em alta: os destaques da Liga dos Campeões.
Tal como o novo formato da UEFA Champions League, aqui também vamos à aventura. Na Casa dos Milhões, queremos trazer-vos o melhor e o pior da edição 24/25 desta liga milionária.
JOGOS EM DESTAQUE:
Sporting x Borussia Dortmund
Banho amarelo.
Mais uma noite europeia em Alvalade. Estreia dos novos “playoffs” nesta nova versão da Liga dos Campeões, e o estádio José Alvalade pintou-se de verde e branco para receber o 11º classificado da Bundesliga e finalista da última edição da Champions League, o Borussia Dortmund. Com Niko Kovac, novo treinador, os alemães vinham de uma dura derrota frente ao Estugarda, e queriam responder com uma boa exibição. Do lado dos homens da casa, as várias lesões e gestões obrigadas faziam antever um jogo complicado, mas o fator casa era favorável.
Numa primeira parte “taco a taco”, os ‘leões’ até foram superiores. João Simões pegou na batuta, Zeno Debast deu segurança, e o Sporting foi para cima e chegou ao intervalo com sérias hipóteses de vantagem. Ainda com Viktor Gyökeres no banco, os adeptos acreditaram que seria possível uma nova vitória frente aos alemães.
Mas a segunda parte foi um autêntico balde de água fria. Gyökeres e Morita entraram cedo no jogo, mas logo a seguir Serhou Guirassy gela Alvalade assina o 0-1, num lance onde Rui Silva poderia ter feito mais. E a partir daí, o leão foi “engolido” por um autêntico banho amarelo. A equipa de Rui Borges voltou a quebrar, baixou o ritmo, e perdeu as ideias que vinha até então a demonstrar. A situação foi se agravando, e o 0-2 e o 0-3 foram aparecendo com toda a naturalidade do mundo. Pascal Gross fatura num lance semelhante ao primeiro golo, e Karim Adeyemi fechou o resultado num contra-ataque. Não houve capacidade de resposta do Sporting. O sonho de chegar longe na Champions League está cada vez mais longe. Rui Borges não vence há dois jogos, e continua sem conseguir duas vitórias seguidas como treinador do Sporting.
Mónaco x Benfica
Sem Princípio mas com fim, no principado do Mónaco
Após se terem encontrado na fase da liga, Benfica e Mónaco voltaram a trocar impressões na fase a eliminar do novo formato da Champions League. No principado, a mancha vermelha correspondente aos adeptos benfiquista era difícil de ignorar. Carreras ameaçou aos 4’ numa cavalgada que culminou com um remate de meia distância atirado ao lado da baliza dos monegascos. Apesar disso, foi o Monaco quem transmitiu melhores sinais na primeira parte, tendo chamado Trubin para fazer uma grande intervenção pelo 8º minuto. O meio-campo benfiquista demorou para se encontrar no jogo e até ao fim da primeira parte não deu sinais de perigo aos da casa – até Pavlidis ter iniciativa e deixar um adversário no chão, na zona da área e lateralizar para Carreras que, na carreira de tiro sem oposição, não fez melhor que um remate contra Majecki.
Na segunda parte, a roleta de Monte Carlo calhou no preto e o Benfica (a jogar com o seu segundo equipamento), depois de uma desmarcação soberba por Tomás Araújo, viu Pavlidis isolar-se e picar a bola para as redes dos da casa. Á semelhança do que aconteceu na primeira volta, o Mónaco ficou a jogar com menos um: após uma falta de Carreras sem grande história, Al Musrati fez um gesto para o árbitro a pedir cartão para o lateral espanhol; sem hesitações e para surpresa da equipa da casa, o árbitro foi ao bolso e mostrou o segundo amarelo da noite ao ex-Braga. O Benfica estabeleceu-se no controlo do jogo e trocava a bola com maior tranquilidade na ótica de atrair os monegascos e de abrir o meio-campo. Já sem Araújo, Di Maria e Barreiro foram a jogo e Aursnes, o faz tudo da Luz, viu-se outra vez encostado à lateral do campo. Belotti e Amdouni também entrariam e até Arthur Cabral viria a jogo após Di Maria voltar a sair com uma lesão.
O Benfica foi ameaçando, mas sem nunca concretizar e saiu de França com apenas um golo de vantagem para a segunda mão que promete não ser nada tranquila. Lage e as águias voltam, por outro lado, a vencer na Champions, competição onde têm obtido bons resultados.
Manchester City x Real Madrid
Um encontro que já se está a tornar um clássico das nossas noites preferidas.
Afetados por vagas de lesões e quebras de rendimento outrora inimagináveis, Manchester City e Real Madrid entraram em campo com vontade de provar que ainda podiam fazer diferente esta temporada. Os merengues nunca haviam vencido no Etihad e ainda antes do apito inicial já tinham recebido um aviso. Nas bancadas, podíamos ler ‘Stop Crying Your Heart Out’, em alusão à música dos Oasis e a toda a polémica envolta na última cerimónia da Bola d’ Ouro, onde Rodri levou a melhor contra todas as expectativas.
Logo nos primeiros minutos, a equipa de Ancelotti mostrou ao que vinha, explorando as debilidades defensivas dos Cityzens mas sem conseguir converter as suas oportunidades em golo. Quem acabou por abrir o marcador foi o suspeito do costume, Erling Haaland. Com o peito, Gvardiol recebeu a bola de Jack Grealish e assistiu o noruego para o primeiro golo da noite. A turma de Pep Guardiola seguia sem convencer, tendo sido uma questão de tempo até os merengues inverterem as coisas.
Início da segunda parte e Kylian Mbappé, de forma um tanto caricata, mostrou uma vez mais que pode fazer a diferença em grandes jogos. Um golo de penálti aos 80 minutos parecia ter virado as coisas a favor da equipa da casa, mas não bastou muito para que Brahim Díaz, na qualidade de supersub, voltasse a demonstrar a mentalidade vencedora que vive no ADN deste tubarão europeu. Bellingham fechou as contas no período de descontos. Abandonando a sua antiga posição no meio-campo e passando a jogar em zonas mais avançadas do terreno, o inglês abriu os braços diante dos adeptos azuis e celebrou a primeira vitória dos espanhóis no estádio daquele que tem sido o seu maior rival fora do país nos últimos anos.
Dizem que quem ri por último ri melhor e com Vini Jr. não foi exceção. O número 7 dos blancos levou para Madrid o prémio de MVP da partida, deixando claro em entrevista que a tarja o incentivou a dar o melhor em campo: "Às vezes os adversários fazem coisas que me dão mais força para fazer um grande jogo. Aqui fiz isso novamente e conseguimos vencer”, referiu o astro da Canarinha.
Ainda está tudo em aberto, mas já sabemos como costumam terminar as coisas no Bernabéu…
Brest x PSG
Um jogo de Ligue 1 em plena Champions.
O Paris Saint-Germain, apesar de ter passado por apuros na Fase de Liga, segue líder absoluto em França. Assim, quando o sorteio decretou que os play-offs seriam contra o Brest, já se imaginava o que aí viria. Como visitante, o PSG entregou uma verdadeira aula de futebol europeu ao estreante Stade Brestois. Foi apenas o segundo embate inteiramente francês na história da competição, mas algo corriqueiro para as duas equipas: com a vitória, o PSG chega a impressionantes 31 jogos de invencibilidade frente ao Brest — a última derrota foi em 1985 — e, com o segundo jogo a ser no Parc des Princes, encontra-se confortavelmente na iminência das oitavas de final.
É impossível falar de Paris sem falar em Vitinha, com sobras o melhor português da atualidade (já há algum tempo), e foi mesmo dos pés dele que saiu o golo inaugural do encontro, ao converter um penálti aos 21 minutos e dar ao PSG uma vantagem precoce. Eleito Man of the Match, o português foi considerado pelo treinador «o médio perfeito», e é impossível discordar.
Ainda assim, precisamos ter uma conversa séria sobre outro homem: Ousmane Dembélé. Agora posicionado como um “falso nove” por Luis Enrique, o francês fez o 0-2 ainda antes do intervalo. Foi o oitavo jogo seguido de Dembélé a marcar, chegando a 23 golos em 28 jogos em todas as competições nesta época — que transformação.
Na segunda metade do encontro, mesmo com um golo anulado a Doué, os parisienses detinham completamente o domínio do jogo, com Dembélé — novamente ele — a fechar as contas e reforçar a grande fase que vive na atual temporada neste que é um PSG completamente diferente do que vimos nos últimos anos.
Tudo se encaminha para um apuramento tranquilo do PSG, mas na Liga dos Campeões tudo é possível.
OUTROS RESULTADOS:
Feyenoord 1-0 Milan
Club Brugge 2-1 Atalanta
Juventus 2-1 PSV
Celtic 0-2 Bayern
Com estes resultados, Bayern, Benfica, Brugge, Dortmund, Feyenoord, Juventus, Real Madrid e PSG tomam a dianteira nos play-offs, com os já apurados Aston Villa, Atletico Madrid, Arsenal, Barcelona, Inter, Leverkusen, Lille e Liverpool a aguardar os seus respetivos adversários.
Os melhores momentos da edição 2024/2025 da UEFA Champions League são para acompanhar no Substack do 78. Fica atento!
João Pinto, Lucas Lemos, Matilde Pinhol e Pedro Brites.
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